sábado, novembro 23, 2024
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Editorial: Sem diversidade, mais do mesmo

Oito candidatos à Prefeitura Municipal. Nenhuma mulher. 16 candidatos, entre postulantes ao cargo de prefeito e vice. Nenhum negro. Nenhum representante da comunidade LGBT+. A diversidade de um “pleno 2020” não é vista em Mogi Mirim. Ao menos no indicador da corrida para os principais cargos da cidade.

Partidos e coligações nos impuseram o “mais do mesmo” para a eleição de 2020. Para os cargos executivos, seguimos como é há décadas. Sem a chance de discutir na urna a condução de uma mulher à cadeira máxima da Prefeitura. Como também seguiremos como uma cidade sem um prefeito negro. Ou ainda sem um representante LGBT+. Isto para ficar em algumas das chamadas “minorias”.

E, convenhamos. Minoria é um termo absolutamente controverso. Afinal, podem ser menores nas condições em relação aos mais abastados. Mas, maioria em quantidade. Oras, temos mais mulheres no Brasil. Mais negros (e ainda somos basicamente 100% mestiços). E cada vez mais cresce o número de membros da comunidade LGBT. Isso para se restringir aos assumidos, claro…

Quem prefere que a diversidade siga apenas no discurso, é capaz de questionar: “Mas o fato de ser mulher, por exemplo, garante a qualidade?”. Mas é óbvio que não. É um ser humano tal qual o homem. Erra e acerta. Existem as honestas e as desonestas. O mesmo vale para questões raciais, de classe econômica ou de orientação sexual. E até acadêmica, uma das mais tradicionais formas de escalonar seres humanos.

O ponto aqui não é uma defesa para que sejamos obrigados a eleger uma mulher, um negro ou membro da comunidade LGBT+. É, sim, questionar a irrisória representatividade na disputa em si. É discutir quais são os motivos para que a pluralidade não integre o debate em nível executivo da nossa cidade. E do país como um todo, afinal, este cenário não é registrado apenas por aqui.

Precisamos pensar no quanto ainda dependemos de um colegiado que nos impõe uma maioria gigantesca de mais do mesmo como opções. O brasileiro se diz cansado da velha política, mas quem tem a condição efetiva de definir os rumos ainda possui um olhar medieval.

A pluralidade de ideias é o instrumento fundamental para que a roda finalmente gire. É por isso que se faz necessário o máximo possível de diferenças nas representações. Até para que as novas gerações destas chamadas minorias se sintam capazes de alcançar mais do que lhe é hoje oferecido. Tenham espelhos.

Assim como os herdeiros da mesmice sempre tiveram. Queremos mesmo mudar? Não parece. Se queremos? Então que se mude do alto da pirâmide para baixo. E não apenas onde interessa para os de sempre.

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