sábado, novembro 23, 2024
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Editorial: Vacina não é palanque eleitoral

Não dá para negar. Vivemos um momento delicado neste ano que está entrando em reta final. Estamos ainda na luta contra uma pandemia que deixará marcas para sempre. A Covid-19 veio, levou de muitas famílias entes queridos e ainda está aí, por mais que estejamos mais relaxados. Talvez mais acostumados com ela do que no começo, quando a novidade deixou todos mais alertas.

Mesmo assim, para que se possa voltar o mais próximo possível do normal, é necessário se vacinar. E esta não é uma novidade. Há séculos esta tem sido a saída contra doenças mortais. Algumas, erradicadas graças a esta técnica que a ciência nos proporcionou. Um exemplo é a varíola. Outras, podem não ter sido erradicadas, mas estão bem mais controladas que antes de uma eventual imunização, como a tuberculose e a poliomielite.

Não dá para negar. A obrigatoriedade da vacinação salvou vidas. Até de quem nega a vacina. Infelizmente, ainda há movimentos fundamentalistas que resistem e criam um cenário antivacina. É um movimento que ganha tanta voz que até o Governo Federal prefere fazer politicagem barata.

O presidente e seus discípulos usam o tema para enfrentar um adversário, o governador paulista, outra farinha deste mesmo saco. E estamos de saco cheio desta sarcástica mistura da gula eleitoreira com o egoísmo como ideologia. E vejamos se não é conversa para boi aplaudir. Há uma incoerência federal de negar a vacina produzida pela China, mas ser um incentivador de políticas de importação de uma commodity, a soja, tornando o país cada vez mais dependente da… China!

Destas desavenças por um assunto tão sério, que é a saúde pública, ou seja, de todos, que vemos danos que vão além da birra sobre a vacina contra a Covid-19. A cobertura de imunizações comuns está em queda no país. Temos que reforçar uma óbvia campanha de vacinação contra a pólio, hepatite b e outras doenças. Temos que imunizar nossas crianças e mantê-las a salvo não apenas destes males, mas dos causados por quem ainda se posiciona como negacionista.

E como podem ser nefastas as consequências deste fanatismo que, alçado ao poder, se acha no direito de impor suas crenças sobre todos. O sufrágio é universal e a obrigação é de governar para todos e não para os seus. Parece até aquela velha política…
Enfim, caros leitores. Não nos afastemos da lógica, da racionalidade e estejamos vacinados contra a ignorância. E que bom que a ANVISA ainda é um órgão de estado e não de governo, ficando livre dos vícios eleitoreiros para aprovar o que for melhor para a população quando o tema é vacina. Não importa se for russa, chinesa, norte-americana ou inglesa. O que importa é que venha com eficácia e nos afaste deste mal que matou tantas e tantas pessoas queridas.

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