Mentir. Verbo transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo. É enganar, é iludir, é ludibriar. É driblar. Driblar a verdade. É omitir parte ou toda a verdade. O ser humano está acostumado com as mentiras. Com as transitivas e as intransitivas. Muitas vezes, no desespero para ouvir o que queremos, as transformamos em verdades. E esquecemos das consequências oriundas de uma mentira.
Tem as mentiras sem maldade. As produzidas com o desejo de ajudar, de aliviar, de consertar. Mas que continuam como mentiras. Em 2020, a mentira é muito mais que um verbo. É artifício. É ferramenta. É política de estado. Política? Nesta, é o que mais tem. Afinal, para se fazer política é necessário dizer, na imensa maioria das vezes, o que agrada, o que convence, o que gera voto. E a mentira é uma saída fácil.
Em 2020 a mentira está, inclusive, institucionalizada através da combinação de duas palavras inglesas que já cavaram lugar na língua portuguesa: “fake news”. Na origem literária, são notícias falsas. Não são as notícias erradas, oriundas de erros. Erros cometidos por humanos, que são quem dão vida a qualquer notícia, seja ela profissional ou entre vizinhas.
Errar é bem diferente de mentir. Em alguns casos, entram no mesmo barco. Em outros, estão em naus bem diferentes. O que, sem dúvida, está sempre na proa com a mentira é o flerte com a falta de caráter. De escrúpulo. A principal estrutura de um propagador de notícias falsas é o interesse em tirar vantagem da mentira propagada.
Em 2020, com a necessidade de capital confundida com uma tara sem precedente por dinheiro, este interesse, na gigante maioria das vezes, é financeiro. Em 2020, ano de eleição, é importante estar atento porque a chuva de notícias falsas causará enchentes de desinformação. E é importante fazer como todo jornalista que se dá valor e checar. Avalie a origem da notícia. Da história. Do post.
Veja quem é o emissor desta informação. Do conto. Da prosa ou do verso. Veja se possui um lastro de credibilidade ou se há nuvens carregadas de dúvidas. Para consumir, para propagar, para eleger. Para tudo é sempre importante saber se, por trás, há uma produção (às vezes em escala industrial) de mentiras. Investigue. Apure. E eleja aquilo que merece o seu crédito!
Há inúmeras maneiras de corromper e a mentira é uma delas. Muitos se tornam cúmplices da corrupção por crer no que não é real. Acredite, para mandar a mentira para longe, não basta achar que isto é verdade e aquilo é mentira. É preciso avaliar, de forma profunda. É preciso separar. E, em 2020, há muito joio vestido de trigo por aí…