De volta ao Boteco, o Sensei Edson Francisco lembra histórias curiosas de viagens em competições de caratê.
Boteco – Tem histórias de quando vocês se hospedavam?
Edson – Teve um campeonato em Pirassununga, tinha chovido. E eu não uso meia. E encharcou o tênis. E nós na balada. Na hora, não tá nem aí. Depois na hora de dormir, os homens aqui, as mulheres lá. Só que ficamos num quarto muito grande, todo mundo dormindo no chão. Aí cheguei quietinho, arranquei o tênis, nossa senhora, deixei lá fora e fui entrando. Desvia, desvia, desvia, entrei, achei meu lugarzinho, cobri. Aí não deu 5 minutos, “nossa, peidaram aí”. Aí um já vai acordando o outro, que fedô de chulé. E eu quietinho. Aí foi alastrando, acende a luz. “Quem que tá fedendo chulé?” Aí chegaram: “Edson, vai para fora, esse pé tá fedendo muito”. Era meu pé, infestou a sala, ninguém conseguia dormir. A gente foi várias vezes em Santos, frio, e colocavam aqueles colchonetinhos. Pegamos as carteiras, juntamos, colocamos colchonetes, dormimos em cima de carteira.
Boteco – Vocês dormiam em escolas? Todas as academias?
Edson – Em escolas, algumas academias, sim, cada um tem sua sala. E é gostoso que não tem rivalidade. Nós fomos para Foz do Iguaçu e de lá pro Paraguai passear. É pertinho, atravessa a ponte, ficamos num alojamento, numa escola que tinha argentinos e tava aquela rivalidade. E fomos pro Paraguai, chegando lá, cidade suja, trator limpando a rua, compramos um videogame, não aguentou dois dias, deu pau, porcaria. Para Maceió, fomos eu e o Leo.
Boteco – Como foi lá?
Edson – A moça passou para nós tudo certinho, horário e dia. Chegou na semana, eu falei: “é na sexta-feira que é pra ir”. A Vânia falava: “é sábado”. Fomos na sexta. Chegamos em São Paulo, sábado que eles iam sair. Ficamos de sexta para sábado, dormimos no aeroporto. O Leo dormia um pouquinho, eu acordava, sabe aquele negócio de revezar? Passamos fome, levamos o dinheiro contadinho. Aí o pessoal chegou, viajamos. Aí fomos pro hotel, a gente estava sem dinheiro. A gente viu lá embaixo tinha uma mesa farta. Falei: “o negócio é pegar as coisas e levar pro frigobar”. Aí no primeiro dia nós descemos cedo para tomar café…
Boteco – Guardaram tudo o que sobrou?
Edson – A gente guardava tudo lá, o frigobar não fechava mais. Aí a gente não almoçava porque ficava o dia todo no ginásio. Aí achamos uma cantininha lá, comidinha caseira. Mas no dia que nós chegamos, com os grandões, tudo, nós fomos lá no restaurante. Pedimos uma batata frita, vamos comer, né? Os caras comendo aquelas coisas boas, eu e ele batata frita com pão. Aí chegou na hora de pagar: tanto. Eu falei: “Nossa”. “Pai, você tem dinheiro?”. Não tem outro jeito, paguei. Vamos comer o que tem lá agora na janta. Aí descobrimos um barzinho de comida caseira. Aí comemos, guardamos, fomos dormir. E lá na época demorava para anoitecer. Então chegamos e deitamos cansados, acordamos, olhamos assim, bem de frente para a praia, aquelas luzes da praia, tudo claro. Falei: “nossa, Leo, não amanheceu ainda, cara, dormimos bastante”. Era o mesmo dia, a gente achou que já tinha dormido o suficiente. E pra dormir depois?
Boteco – Foram pra praia?
Edson – Fomos. Tinha um quiosque, ficamos com a turma, pagode, essas coisas.
Boteco – Tomaram uma cervejinha?
Edson – Não (risos). Não podia, os caras podiam, nós não.
Boteco – Edson volta para contar histórias curiosas de contusões em comemorações de títulos do Palmeiras e sonhos com lutas.