No terceiro capítulo de suas histórias, o Sensei Edson Francisco recorda lesões sofridas em comemorações como torcedor palmeirense e aborda sonhos com lutas de caratê.
Boteco – Como foram as histórias de comemorações?
Edson – Quebrei o pé duas vezes torcendo pro Palmeiras. Sou palmeirense. Primeira vez na minha casa lá em cima. Eu saí correndo e esses tijolos baianos têm vários buraquinhos e tinha uma carreirinha de tijolo que ia levantar o alicerce. E tinha quebrado. Foi no Paulista contra o Corinthians (1993). Palmeiras fez o gol, foi campeão. Eu saí correndo, pisei e saí correndo. Peguei a bicicleta, desci no Half e gritando, torcendo, nem aí com o pé. No outro dia, meu pé desse tamanho. Fui no Doutor Honório, ortopedista. “Quebrou o pé, Edson”. No mesmo ano, o Palmeiras foi campeão Brasileiro em cima do Vitória. Aí como ele (Bruno, filho de Edson), tinha problema de alergia, fomos na minha mãe. Estava assistindo, Palmeiras campeão, saí correndo, trinquei o pé, mesmo osso. Desci pro hospital, Doutor Honório lá de novo. Mesmo pé. Eu era fanático, não parava. “De novo, Edson, de novo? Quando o Palmeiras jogar, nós vamos amarrar você, capaz de você quebrar o pescoço”. Neste ano, 2 vezes afastei do serviço porque trinquei o pé.
Boteco – Alguma história dos filhos Bruno e Gabriel?
Edson – Uma vez no campeonato, fomos tudo pro ginásio e eles tavam na praia, chegaram cheio de areia. E começou o treino das equipes. Treinando, treinando. “Cadê os meninos, Edson?”. “Vocês não chamaram eles”. “Tá na lista, sim, vai lá ver no quadro”. Cheguei lá, tava lá os dois. E agora? “Agora, você pegue, se vira e vai pegar eles”. Tivemos que ir lá buscar eles.
Boteco – Mas eles se esqueceram da luta?
Edson – Era de seleção, eles não sabiam (que tinham sido convocados). Chegaram lá, eles nadando, lá, na areia, tudo sujos. Colocou eles no carro, vieram embora. Kimoninho tinha levado, chegou lá, colocou a roupa em cima, tudo sujo de areia. Aí foram lá, pregaram o reio, ganharam.
Boteco – Depois das vitórias, vocês vão comemorar?
Edson – Vamos, aí todo mundo cansado, vai pro banho ou praia. Categorias menores é cedo, ia ganhando, ia embora. Deixava a medalha com a mãe e já era. Depois a hora que terminasse, passava pegar os moleques, tomava um banho e vinham todos dormindo.
Boteco – Uma curiosidade, com tantas lutas, competições, quando você está dormindo, às vezes sonha que está lutando?
Edson – Sonha, sonha. Dando aula. Você acorda, faz alguma coisa. Que nem, esses dias atrás, minha mulher sonhou que estava brigando com o Leonardo (filho de Edson). Parece que ele queria dar um tênis para um vagabundo e ela não queria que ele desse. Oh, cara, me deu um chute. Eu falei: “você tá é louca? Tá louca?”. Me deu um chute. Eu acordei, falei: “você tá é louca, filha”. Tava brigando e metendo o pé e meteu o pé em mim. Então você acorda, porque o subconsciente seu, queira ou não… Já teve dias de ela falar: “pô, você tá dando aula, Edson”. O subconsciente guarda tudo quanto é coisa ruim e coisa boa, às vezes você tem que tomar cuidado, você faz coisa errada, ele guarda e aí você se entrega à noite. Você tá dormindo, fala sozinho, e já aconteceu. “Edson, tá sonhando, tá lutando”.
Boteco – Edson volta, no último capítulo de seu bate-papo, para lembrar histórias como torcedor do Sapão e momentos curiosos da boa relação com Wilson Barros e jogadores!