“Os meninos só querem jogar bola e as meninas queimada, quando elas jogam, pois a maioria delas prefere ficar no celular ou batendo papo”. Essa é a frase que uma professora utilizou para me descrever como são as aulas de Educação Física (EF) na escola em que leciona. Esse triste quadro nos remete ao artigo de hoje: você valoriza a Educação Física ou considera uma matéria de pouca importância?
Confesso que enquanto aluno não dei a devida importância para a matéria, pois durante muito tempo me enquadrava no “menino que só queria jogar bola”. Não sei o quanto a imaturidade dos estudantes tem relação com o quadro, ou a falta de capacitação e entusiasmo de alguns professores, em conjunto com más condições de trabalho, infraestrutura e afins, o fato é que a Educação Física vem falhando, ano após ano, em um de seus mais importantes aspectos: despertar o interesse das crianças e adolescentes pela prática de atividades corporais.
O Estado tem parcela considerável de culpa, vide o recente episódio no qual cogitou retirar a matéria da grade curricular do Ensino Médio, e também se enquadra no conjunto dos que menosprezam a Educação Física escolar. Ah, se os políticos pensassem mais a médio e longo prazo…
Na última semana citei um estudo publicado na revista Health Affairs, no qual o pesquisador Lee e colaboradores estimaram o quanto custa para as pessoas a falta de atividade física. Hoje, utilizo o artigo para mostrar o aspecto estatal, ou seja, o quanto economiza o país:
Realizada nos Estados Unidos, a pesquisa mostrou que menos de 1/3 das crianças de 8 a 11 anos de idade realizam um mínimo satisfatório (os pesquisadores consideraram três vezes por semana, com duração mínima de 25 minutos cada) de atividade física. Caso o número de crianças praticantes de exercício, preenchendo o mínimo semanal, saltasse para metade, a estimativa é de que haveria uma economia de 8,1 bilhões de dólares em despesas médicas e 13,8 bilhões de dólares em perda de produtividade. Sim, estamos falando de economizar mais de 20 bilhões de dólares ao longo da vida dessas crianças, algo que não deveria ser menosprezado pelo Estado. Ainda, se ao invés da metade, o número de crianças que praticam exercícios passasse para 75%, a economia seria de 16,6 e 23,6 bilhões de dólares, respectivamente. Ou seja, algo em torno de 40 bilhões de dólares!
Certamente o montante do investimento para alcançar tais proporções de praticantes de exercício físico seria muito menor que os números citados. A profilaxia (prevenção) sempre é mais barata do que o tratamento!
E você, até quando continuará desprezando a Educação Física escolar? Tal qual as demais matérias, ela apresenta um ótimo poder de melhorar a vida das pessoas, em especial por ser uma ferramenta saudável e que tende a afastar os jovens das drogas e outros hábitos ruins.
Luís Otavio Bueno de Toledo
E-mail: [email protected]
Personal trainer graduado pela USP (bacharel em Esporte graduado em 2012 – trabalhou na área fitness do Clube Paineiras do Morumby em São Paulo e no Clube Mogiano, em Mogi Mirim)