Superar desafios e encontrar na força de vontade uma maneira de enfrentar dificuldades faz parte da vida de inúmeros deficientes, seja em Mogi Mirim ou no resto do país. O quesito acessibilidade ainda precisa de melhorias e ferramentas que ajudem essas pessoas são necessárias. Mas aos poucos, com o auxílio da tecnologia a mobilidade parece não ser aquele bicho de sete cabeças de antigamente e aos poucos a adaptação a este tipo de problema vem se tornando mais fácil. De muletas, cadeiras de rodas e outros acessórios, um veículo elétrico, semelhante a uma motocicleta transformou a vida de um mogimiriano. São as eletrobikes.
Funcional, desde março, o equipamento faz parte da rotina de Fernando César Baptista. Ele, que sofre de uma paralisia infantil desde os três anos, encontrou na eletrobike várias facilidades. O veículo, importado da China, foi encontrado por meio de um site de cadeiras motorizadas (Freedom) e a compra intermediada por um representante da empresa que atua na cidade de Socorro.
O curioso é que Fernando, que já usou muletas e aparelhos ortopédicos, buscava uma cadeira de rodas motorizada. Só que durante a navegação, se deparou com a eletrobike, veículo que mudou sua vida.
A moto
Ela é uma moto elétrica, com potência de 600 wats. Para carregar a bateria, precisa de oito horas ininterruptas do carregador conectado a uma tomada, o que resulta em até 30 quilômetros de rodagem pela cidade. Ela possui acelerador, freio dianteiro e traseiro, farol, marcha-ré, retrovisor, buzina, seta e consegue atingir de 25 a30 quilômetros por hora. Para transitar, usa capacete e acessórios de segurança, como toda moto. O valor encontrado pela eletrobike era de R$ 8.200, mas com um desconto, a compra foi efetuada por R$ 7.800, custeado com a colaboração de um amigo, fato que fez os olhos de Fernando lacrimejar durante a entrevista.
“Essa pessoa que me ajudou a adquirir é abençoada por Deus. Ela (a eletrobike) mudou tudo, está ajudando muito, é tudo de bom. Mudou minha vida, passei a ser independente. Tendo carga, vou para qualquer lugar”, destacou.
A facilidade é tanta que ele conseguiu autorização para circular em supermercados e na área dos caixas eletrônicos em bancos da cidade. Ao longo da entrevista, diversos munícipes cumprimentavam Fernando e aproveitavam para conferir a eletrobike. “Achei linda, é ótima e prática”, disse Augusta Bordin.
O assédio vem de todos os lados. “Chama a atenção, é coisa de louco, até motoqueiro, pessoas de carro param e perguntam”, contou.
Dificuldade vem desde os 3 anos
Fernando sofre de paralisia infantil desde os três anos de idade e desde então faz fisioterapia semanalmente. No início, passava por sessões no Centro de Reabilitação Lar Escola São Francisco, em São Paulo. “Lá deram todo o suporte”.
Depois disso passou a usar aparelhos ortopédicos na perna direita e posteriormente cadeiras de rodas. Até hoje continua com a fisioterapia. Nos últimos anos, além da paralisia, se submeteu a uma cirurgia nos ombros após uma queda em uma rampa de sua casa, com o tempo de recuperação próximo de um ano. Mas nem isso foi motivo de tristeza. “Sempre superei vários obstáculos, não sou de ficar reclamando”.
