Basta uma pesquisa na internet sobre violência contra a mulher em casas noturnas e bares para uma lista gigantesca saltar aos olhos. Desta forma, é possível constatar que não é só dentro de casa que as mulheres continuam vulneráveis, mas também fora de seus lares. Os casos são os mais variados, desde mulheres que foram agredidas com copos de vidro no rosto por não aceitarem sair com homens, até situações em que as mulheres são alvos de passadas de mão ou mesmo de humilhação pública por estarem ao lado de namorados ou desconhecidos agressivos. O rol de situações é enorme e com o objetivo de mapear como as violências em estabelecimentos estão ocorrendo na região, o Coletivo Educacional de Mulheres Maria Lacerda de Moura, que integra membros de Mogi Mirim e Mogi Guaçu, lançou em agosto uma pesquisa. O mapeamento mostra uma situação que não difere de outros locais do Brasil. A violência está mais perto do que parece.
De 90 mulheres que responderam a pesquisa realizada de maneira anônima via formulário disponível na internet, 75% delas garantem que já sofreram violência na noite. Os depoimentos relatam que são desde violências físicas, como beijos forçados e puxões de cabelos e apertões nos braços, até as verbais, como xingamentos, por exemplo.
A pesquisa constatou também que 56,5% das mulheres já foram vítimas de agressão mais de cinco vezes enquanto estavam em casas noturnas, bares ou restaurantes, e 8,7% apontou ter sido violentada cerca de duas vezes.
Com base nos números coletados, o grupo já elaborou quais serão os próximos passos, pois o objetivo é atuar para que os ambientes passem a ser mais seguros para as mulheres.
Mas o que é um lugar seguro para as mulheres?
A pesquisa, além de identificar se há violência, qual a incidência e seus tipos, também disponibilizou alguns quesitos sobre o que seria um local seguro na opinião das mulheres. O objetivo do Coletivo é que agora os proprietários e funcionários dos estabelecimentos sejam capacitados para que ofereçam os requisitos e assim se tornem parceiros na luta por locais mais seguros para as mulheres.
O primeiro item elencado pelas mulheres é a presença de seguranças; já o segundo é a presença de funcionários sensíveis a lidar com as denúncias de assédio e o terceiro é que o espaço conte com mulheres em seu quadro de funcionários.
Com bases nos requisitos mencionados, assim como em outros que o Coletivo de Mulheres considera de extrema importância para minimizar os casos de violência, nos próximos dias os estabelecimentos da cidade e da região serão convidados a participar de uma capacitação. O objetivo é informar sobre o que é agressão, a importância de tomar providências, de que forma isso deve ser feito e como dar suporte às vítimas. Esta instrução será oferecida pelas mulheres do Coletivo, que integram vários setores da sociedade.
Selo Positivo
Os estabelecimentos que se comprometerem a se tornar parceiros na luta por ambientes mais seguros e a proporcionar respaldo para as mulheres em caso de agressão receberão o Selo Mulheres Mobilizadas. O símbolo faz parte de uma campanha mais ampla, que envolve, inclusive, grupos do Rio de Janeiro, e que visa mapear locais positivos e negativos no quesito segurança para as mulheres.