Milhares de mulheres são agredidas diariamente, seja dentro de casa, na rua, nos transportes coletivos, bares, restaurantes ou baladas. As agressões são variadas; física, verbal, psicológica e sexual. Ainda que a violência contra a mulher tenha sido recentemente um tema de debate na mídia, por conta de alguns casos que ganharam publicidade, apresentar ações que contribuam para o esclarecimento de um assunto tão delicado e ainda apontem propostas de como melhorar a segurança do público feminino é fundamental, especialmente quando ainda há tantos outros casos de agressão não revelados.
É com esse propósito que caminha o Coletivo Educacional de Mulheres Maria Lacerda de Moura, que integra membros de Mogi Mirim e Mogi Guaçu. Em agosto, o grupo lançou uma pesquisa a fim de mapear como as violências em estabelecimentos, casas noturnas e bares, estão ocorrendo na região. Os dados mostraram uma situação não diferente de outros locais do Brasil.
Os números são preocupantes. De 90 mulheres que responderam a pesquisa, 75% garantem que já sofreram violência na noite. São casos que envolvem violência física, como beijos forçados e puxões de cabelos e apertões nos braços, e verbais, como xingamentos, por exemplo. Além de fazer esse levantamento, o Coletivo Educacional de Mulheres também está focado na parte prática.
O grupo vai convidar proprietários e funcionários dos estabelecimentos para participarem de uma capacitação sobre como tomar providências, bem como dar suporte às vítimas, em casos de agressão. Esta instrução será oferecida pelas mulheres do Coletivo, que integram vários setores da sociedade. É uma proposta para que esses locais se tornem parceiros na luta por ambientes mais seguros para as mulheres.
Uma outra ação seria a realização de uma audiência pública a respeito do assunto, para que o tema atinja não só os proprietários dos estabelecimentos, mas também aqueles que frequentam esses ambientes. Esse trabalho, por exemplo, poderia ainda ter respaldo, ou até mesmo ser complementado, pelo Conselho da Condição Feminina.
O órgão foi criado em 1992 pela Lei Municipal n° 2.359, com a atribuição de tratar de assuntos referentes à proteção da mulher, contudo, está inativo há dez anos. Mais uma vez, iniciativas de grupos independentes surgem como um acalento para a sociedade, assumindo um papel que deveria ser de responsabilidade do Poder Público. Até quando o Município esquecerá suas mulheres?