quinta-feira, novembro 21, 2024
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Eleição é eleição, governo é governo!

A carta de Michel Temer a Dilma Rousseff, em meados de 2016, é um momento marcante na história do Brasil contemporâneo. Ali, um aliado dava a clara demonstração de mudança de lado, ampliando a instabilidade da então presidente da República e sendo um dos passos importantes para que o impeachment fosse o destino final da líder daquele governo.

Desde então, passou-se a olhar a figura do vice com mais temor. Oras, um vice não é um objeto decorativo. A sensação foi essa por anos, quando, em diferentes níveis, os ‘vices’ pouco apareciam. Mas, quantas vezes não foram eles os protagonistas? Jânio renunciou e o Brasil caiu em um caos ditatorial após derrubarem seu vice, Jango. Na volta da liberdade, o povo escolheu Tancredo, mas o destino tirou dele até a chance de ser empossado e foi Sarney quem reabriu a democracia por aqui.

Após todo este rodeio, vamos ao cenário local. O mais recente protagonismo de quem foi eleito para o chamado ‘cargo de expectativa’ foi encabeçado por Maria Alice Fernandes Mostardinha. A ex-vereadora e médica, que formou dupla com Paulo Silva na chapa vencedora de 2020, foi até o plenário da Câmara e soltou o verbo contra seus aliados.

Ou antigos aliados, pelo jeito. Disse estar rompida com o Governo, disse nunca ter sido tão humilhada, entre outras falas. O prefeito, em contra-ataque, disse, em outras palavras, que a vice nada fez nestes 20 meses de gestão. Prato cheio para quem? A oposição, claro. E se ser oposição já é tarefa fácil, sobretudo no Brasil, em que ela, seja lá qual for, só serve pra atacar, com o fogo amigo aberto no alto escalão do governo municipal, a missão dos que se posicionam contrário à atual Administração se sentiu saboreando um doce.

Sem entrar nos méritos diretos que envolvem o racha entre Paulo e Mostardinha, há dois pontos cada vez mais explícitos. O primeiro é que eleição é eleição, governo é governo. E as amarras para vencer um pleito eleitoral traz consequências, às vezes, amargas, para quem ficou em primeiro nas urnas.

Como na maioria das vezes, se para ganhar, é necessário se unir a grupos com ideias diferentes, mas com os mesmos objetivos (vencer, óbvio, e/ou derrotar um inimigo em comum), a chance de racha é gigante. Paulo e Mostardinha vivem em polos distintos. Pensam de forma diferente e nenhum está certo ou errado no modo como olham a política. O fato é que a chapa uniu gregos e troianos e, por mais que seja muito legal ver opostos trabalhando por algo em comum, somando forças e visões, na política é sempre maior a chance desta fusão se tornar explosiva.

Tanto é que vamos ao segundo ponto. Tem sido tão constante estas amarras entre figuras e trupes de visões distintas na região, que o habitual tem sido rachas entre prefeitos e vices. E não a harmonia. Gustavo Stupp e Gerson Rossi terminaram em lados opostos. Carlos Nelson e Dra. Lucia não concluíram a última gestão abraçados, por mais que, fique claro, sem um racha público como o atual.

Em Mogi Guaçu, Walter Caveanha e Marçal Damião tiveram seus atritos, tanto que, na reeleição para seu quinto mandato alternado, Caveanha teve Daniel Rossi como seu vice e Marçal se lançou candidato a vereador na chapa que tinha Marcos Antonio como candidato a prefeito. Já em Itapira, as duas gestões de José Natalino Paganini, apoiado por Barros Munhoz, teve problemas com os vices. Primeiro, entre 2013-2016, com Dado Boretti, que teve até um pedido de cassação assinado pelo prefeito. Depois, com Firmino Sanches, o fim da relação não foi dos mais amigáveis. Faz parte. Afinal: eleição é eleição, governo é governo!

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