Se boa parte do brasileiro costumeiramente deixa deveres cotidianos e obrigações pessoais para a última hora, fato que já virou até uma brincadeira popular, a situação pode até ser vista nas eleições, pouco antes do fechamento das urnas, às 17h, mas existe boa parte do eleitorado que prefere cair da cama e exercer o direito do voto.
Um deles é o motorista Benjamin Aguiar Junior, de 62 anos. O sol mal havia raiado e lá estava ele, às 6h, na porta de uma das entradas da Escola Estadual Monsenhor Nora, colégio eleitoral mais numeroso de Mogi Mirim, aguardando a abertura dos portões, às 8h. “Acordei e já vim direito para cá, estou acostumado, todo ano venho esse horário”, explicou, para depois contar o real motivo para chegar tão cedo.
“Estão faltando amigos meus que não sei aonde estão. Tenho quatro amigos que a gente disputa para ver quem chega primeiro, isso há mais de 30 anos”, riu, em meio a festejos de outros eleitores que aguardavam na fila.
A tradição visa deixar o dia mais tranquilo antes da apuração, sempre acompanhada de perto por Benjamin. “Venho cedo para depois ficar sossegado em casa, já com a obrigação cumprida”, ressaltou.
Entretanto, o motorista não esconde a desconfiança com o atual momento político do país. “É muita proposta, mas não sabemos quem vai fazer certo e o errado. A turma diz que o brasileiro não sabe votar, mas como você vai saber qual é bom ou ruim? O debate das propostas acabou ficando um pouco de lado”, disse.
Luiz Antônio chega cedo e explica: “é muito candidato”
O autônomo Antônio Luiz Bataglia Junior, de 41 anos, foi mais um eleitor a chegar cedo no Monsenhor Nora. Às 7h10, era o segundo da fila em outra entrada da escola, tinha na confiança a tranquilidade para garantir seu voto, segundo ele, definido há um mês. “Principalmente para presidente, eu já vim preparado”, ressaltou.
A opção por ser um dos primeiros da fila tem alusão ao número de candidatos, nestas eleições cinco no total: deputado federal, deputado estadual, dois senadores, governador e presidente. “Pela quantidade de candidatos preferi chegar cedo, para votar mais tranquilo”, comentou.
Assim como Benjamin, Luiz se mostrou reticente quanto ao futuro do país. “Existe o lado da esquerda e o lado de quem realmente vai resolver os problemas do Brasil. O debate foi deixado de lado, mas vamos torcer para melhorar (o Brasil)”.