Centro de uma polêmica sem fim, as chamadas pessoas em situação de rua, para a imensa maioria da população, os populares moradores de rua, voltaram à tona na última semana, após os 17 vereadores, alguns deles pressionados por representantes da Igreja de São Benedito, na Praça Duque de Caixas, no Centro, se reunirem com a secretária de Assistência Social, Leila Feracioli Iazzeta, e sua equipe, para colocar em pauta o que fazer com esse público que perambula e tem toda a rotina vivida em ruas e avenidas de Mogi Mirim.
Para boa parte do mogimiriano essas pessoas são um problema. E dos grandes. Sem papas na língua, Leila escancarou a situação, expôs as dificuldades, as medidas adotadas pelo Poder Público e atestou não poder expulsá-los da cidade.
Pesa contra um melhor acolhimento a falta de recursos, a legislação, que permite que essas pessoas vivam aonde querem, e a ausência de políticas públicas que melhorem a condição humanitária de todos. Leila faz questão de ressaltar que os moradores não são um problema. Pelo contrário. São seres humanos comuns, que necessitam de auxílio e acompanhamento psiquiátrico e médico, sobretudo em virtude dos diversos problemas de saúde, a maioria devido às drogas e principalmente ao álcool.
A verdade é que Leila e sua equipe fazem mágica com a falta de recursos e estrutura para elucidar a questão.
O trabalho vem sendo bem desenvolvido. É claro, não é agradável conviver com parte delas em determinadas situações, que muitas vezes se sentem no direito de ofender ou tripudiar, oque tamém é feito por pessoas com residência. Muitas vezes algumas pessoas incomodam, desrespeitam ou simplesmente vivem como se não houvesse ninguém ao seu redor. Entretanto, devem ser respeitadas. Muitas estão nas ruas por necessidade e não por opção. A maioria é isolada pela própria família, que muitas vezes os veem como uma ameaça.
É aí que a Administração Municipal deixa a desejar. Ciente do problema, como a Prefeitura não oferece para a Assistência Social condições adequadas para resolver a situação? Se Carlos Nelson e sua equipe afirmam que determinadas situações devem ser tratadas como prioridade, homens e mulheres vivendo em condições degradantes não seriam uma delas?
Se está “quebrado”, o Executivo não teria ferramentas para buscar um acordo com o governo estadual ou federal e obter uma quantia financeira que permitisse a construção de um imóvel ou o aluguel de uma residência adequada para abrigar essas pessoas?
Como sempre, Mogi Mirim parece ver o problema surgir, se expandir e incomodar para depois buscar uma solução. Solução essa que parece nunca chegar. Mais um episódio da falta de planejamento, organização e compromisso com o cidadão.