Que o brasileiro é apaixonado por futebol, todo mundo sabe, mas esta Copa do Mundo, por ser sediada no país, tem um gosto mais do que especial, e por isso, é comum ver as ruas vazias durante as partidas da Seleção Canarinho.
Assim como as vias ficam silenciosas, os telefones de emergência das forças de segurança também acabam não soando, já que a maioria da população está em casa ou em algum bar, em frente à televisão para não perder nenhum lance. Com isso, diminui o número de ligações urgentes.
De acordo com o escrivão da Polícia Civil, Jorge Paliatsas, o movimento no plantão policial cai drasticamente. “Estive de plantão no primeiro jogo do Brasil, contra a Croácia, e nenhum boletim de ocorrência foi realizado”, conta ele, que também trabalhou em regime de plantão na partida desta segunda-feira, contra Camarões. “Hoje também ninguém veio à delegacia na hora do jogo para fazer B.O.”, conta.
Assim como na Polícia Civil, na Polícia Militar o volume de ligações diminui muito quando a seleção entra em campo. Segundo o cabo Reginaldo Frassi, após cerca de uma hora do final do jogo os telefonemas começam a voltar ao normal. “As denúncias nessa situação são, geralmente, de ocorrências envolvendo bebida alcoólica, seja briga de bar ou acidente”, relata.
O bombeiro Jaime Gadagnoto, que estava de plantão durante o jogo de segunda-feira, conta que o maior volume de ligações acontece uma hora antes da partida, quando os trabalhadores são liberados. “É aquela correria para passar no mercado e comprar produtos para o churrasco, ou para ir pra casa mesmo, e aí acabam acontecendo os acidentes”, conta ele. Durante o jogo, o telefone fica quase que em completo silêncio, “as solicitações caem cerca de 70%”, mas após uma hora, voltam a ser feitas com frequência.
Na Guarda Civil Municipal, o fenômeno também ocorre, segundo o guarda Vanderlei Ricci. Com anos de experiência, ele conta que cerca de 30 minutos após o jogo os telefonemas retomam a normalidade, mas na segunda-feira, algo diferente aconteceu. Enquanto Ricci dava seu relato a o O POPULAR, cerca de cinco minutos após o fim do jogo, um pedido de socorro chegou, informando que um posto de combustíveis à Avenida Pedro Botesi, bairro Tucura, acabara de ser assaltado.
Uma espiadinha na TV
Apesar do espírito esportivo e da vontade de torcer, infelizmente alguns profissionais da área de segurança acabam não conferindo os lances da partida.
Policiais militares e guardas municipais, que trabalham nas ruas no patrulhamento ostensivo, não têm a chance de assistirem ao jogo quando estão de plantão. Já quem fica no atendimento telefônico na sede da corporação, dá um jeitinho, instala uma televisão ou confere a transmissão via internet, pelo computador, já que a função não lhes permite sair às ruas.
Na delegacia, os escrivões e plantonistas permanecem com um olho no balcão de atendimento e outro na TV, para não perder nenhum passe ou gol.
Já no Corpo de Bombeiros, em que os profissionais só precisam sair quando solicitados pela população, assistir ao jogo é mais fácil, já que há a queda no número de ligações.