Em oficina aberta ao público, com participação de mais de 250 pessoas, a ex-atleta Fabiana Murer, bicampeã mundial de salto com vara, agitou o Clube Mogiano no comando de diversas atividades, na tarde do dia 15.
Depois de um discurso em que falou sobre a carreira e a importância do esporte, a ex-atleta convidou os alunos para praticar o atletismo. “Alguém vai saltar? Quem vai ter coragem?”, brincou.
Além de praticarem o salto com vara e em altura, orientados por Fabiana, os alunos também puderam brincar de revezamento de estafeta, salto em distância e lançamentos de dardo e peso. Divididos em grupos de quatro, todos puderam exercitar todas as atividades.

A oficina atraiu alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Projeto Maguila, Escolas Municipais de Educação Básica (Emeb) Jorge Bertolaso Stella e Humberto Brasil Escola Estadual Professor Ernani Calbucci, além de associados do Clube Mogiano e integrantes da escolinha de atletismo da Prefeitura. Hoje, professor da escolinha de atletismo de Mogi Mirim, Gilberto Bortoloci Ferreira, vivenciou um reencontro com a ex-atleta com quem já havia se encontrado em antigas competições na época em que atuava na arbitragem da Federação Paulista de Atletismo. Também ex-atleta, Ferreira contou ter sido árbitro da primeira prova de Fabiana.
O evento foi promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), com o apoio do Sindicato do Comércio Varejista de Mogi Mirim (Sincomercio) e Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (Sejel) da Prefeitura.
Esporte torna as pessoas diferentes, ensina Murer
Em seu discurso antes das atividades, Fabiana Murer frisou a importância do esporte para a transformação de vidas em função dos valores trabalhados como lidar com pressão, ter objetivos, dedicação e trabalhar em grupo e recomendou que estudantes se inscrevam na escolinha de atletismo da Prefeitura. “O esporte transformou minha vida. São valores que a gente aprende. Mesmo se vocês não chegarem a ser um atleta de alto nível, serão pessoas diferentes”, ensinou.
A ex-atleta contou ter iniciado no esporte pela ginástica artística, aos 7 anos, mas, em função de ter crescido muito, acabou levada ao atletismo, onde sonhava que poderia chegar a uma Olimpíada por ser veloz, mirando corridas de 100 metros ou salto à distância. Porém, pela experiência com ginástica, acabou direcionada ao salto com vara, em época onde a modalidade, no universo feminino, praticamente engatinhava. “Eles achavam que as mulheres não tinham condição de fazer salto com vara. E aos poucos, foram entendendo que nós somos capazes, não é verdade, mulheres”, questionou, para concordância das meninas.

Neste sentido, questionou se sabiam quando foi a primeira Olimpíada em que houve o salto com vara feminino. Para surpresa da maioria, a resposta foi a de que o masculino teve início nas primeiras Olimpíadas, em 1896, mas o feminino passou a ser disputado apenas em 2000. Desta forma, quando começou, em 1997, Fabiana já atuava na modalidade em uma época em que a estrutura era muito carente e foi essencial para o fortalecimento do esporte no Brasil.
Além de bi mundial, Fabiana é campeã pan-americana e detentora do recorde sul-americano, ao saltar 4,87 metros, em 2016, último ano de sua carreira. A atleta realizou o sonho de disputar as Olimpíadas, em 2008, 2012 e 2016, mas não conseguiu a sonhada medalha. Fabiana contou sobre a frustração de 2008, em Pequim, na China, quando foi prejudicada pelo desaparecimento de uma de suas varas e chegou a jurar que nunca voltaria ao país asiático. No entanto, acabou voltando em um Mundial em que conseguiu uma medalha, de prata. Desta forma, aconselhou o público a aproveitar as oportunidades, esquecer o passado e focar no futuro nos momentos de frustração.