sábado, novembro 23, 2024
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Em palavras e fotos, os dias do adeus ao Padre Paiva

Os dias 19 e 20 de agosto sempre serão lembrados em Mogi Mirim. A primeira marca a notícia do falecimento de um dos maiores ícones religiosos em 270 anos de nossa vida paroquial. Foi nesta quinta-feira, 19, que faleceu o Monsenhor Clodoaldo Nazareno de Paiva. A quem, íntimos ou não, chamavam de Padre Paiva.

E nos deixou exatamente no ano em que Mogi Mirim chegará a 270 da elevação ao status de paróquia, com a Matriz de São José. Um marco enquanto comunidade em geral e, óbvio, do ponto de vista católico. E foi nesta sexta-feira, 20, que o município que tão bem acolheu este socorrense se despediu de seu pai espiritual.

Desde a manhã da quinta-feira, muita movimentação. Primeiro, pela notícia da internação e da gravidade do caso. Logo depois, do falecimento. A área no entorno da igreja, na Praça Tiradentes, em que está instalada a Paróquia da Santa Cruz, recebeu o devido tratamento.

Afinal, foi lá, em 1959, que o Padre Paiva deu início a esta comunidade. Ele havia chegado em Mogi anos antes, no início de 1954, logo após ser ordenado padre. Seguiu a missão que o irmão mais velho entre oito filhos, Francisco, assumira, mas por pouco tempo, devido a uma morte precoce.

E, por mais que seu falecimento cause comoção regional, é inegável o vínculo com o bairro que ajudou a crescer, urbanizar. O bairro em que residiu e tanto amou. Por isso, desde as primeiras horas da manhã desta jamais esquecida sexta-feira, 20 de agosto, o jornal O POPULAR mobilizou a sua equipe. A repórter Maria Clara da Cunha Canto acompanhou cada movimento. Registrou, em imagens, como as postadas aqui, o dia dedicado à memória de quem tanto fez por seu rebanho.

Despedida
Céu limpo, clima fresco que antecederia mais um dia de calor em pleno outono. No relógio, 6h29. Foi o exato momento em que teve início o velório do Padre Paiva. Também dono dos títulos de cônego e monsenhor, teve seu corpo conduzido até a Matriz de Santa Cruz por membros da Secretaria de Segurança Pública, composto pela Guarda Civil Municipal (GCM), com a Ronda Ostensiva Municipal (Romu) e GOC (Grupo de Operações com Cães) e pelo Corpo de Bombeiros.

Fiéis, vizinhos, curiosos. Aos poucos, e respeitando os protocolos sanitários que um velório exige em tempos de pandemia, o velório foi sendo tomado por aqueles que desejavam se despedir do Padre Paiva. Desde o início do ato fúnebre, a igreja foi tomada por lembranças, histórias e muita emoção. Sentimento de quem acompanhou o religioso por décadas.

Quando os ponteiros apontaram para as 8h, teve início a primeira missa em sufrágio ao líder que construiu o templo em que se reuniram para a despedida. Já à tarde, às 14h, foi realizada a missa exequial. Ou seja, o momento de cumprir o rito com o qual a comunidade cristã acompanha seus mortos e os encomenda a Deus.

As celebrações tiveram a presença de padres de várias comunidades de Mogi Mirim. No comando das missas, o padre Charles Franco Peron, nascido em Pedreira, e que se ordenou quase que no mesmo dia da ordenação do Padre Paiva. Mas, muitos anos depois. Enquanto Clodoaldo se tornou padre em 6 de dezembro de 1953, Charles teve oficializada a incumbência sacramental em 8 de dezembro de 2004.

O bispo diocesano de Amparo, Dom Luiz Gonzaga Fechio, também se fez presente no rito religioso deste dia de despedida. Após as missas, silêncio. Nas mãos de guardas municipais, o caixão com o corpo de Padre Paiva deixou o salão. Tudo ao som de violino, preparado pelo cerimonial da Funerária São Luiz, empresa responsável pelo velório.

Dali seguiram o local do sepultamento, situado ali mesmo, na igreja. Na igreja que o Padre Paiva edificou, seu corpo foi sepultado em uma cripta idealizada por ele. Para que isso ocorresse e seu desejo fosse mantido, ficar na igreja que ajudou a construir, foi aprovado um projeto de lei, no início dos anos 2000. A autorização de enterro fora dos cemitérios do município, algo vedado, até hoje, pela LOM (Lei Orgânica do Município), foi uma exceção a alguém que sem dúvida escreveu páginas raras na cidade que adotou.

A cripta tem mais de 50 metros quadrados. Mas, o que mais chama a atenção, é o jazigo, localizado bem no centro deste espaço. É ali que residia o desejo de Paiva em fazer morada eterna. Em termos técnicos, importante explicar aos leigos. Ele possui um sistema para conter qualquer vazamento de fluidos corporais. Algo que talvez nem fosse necessário, já que o corpo de Padre Paiva foi embalsamado. Logo após ser liberado pelo hospital, nesta quinta, o corpo foi levado à Mogi Guaçu, sendo feito o procedimento.

E assim, da maneira como desejou, o Padre Paiva se despediu deste mundo para olhar por seus filhos de outro plano. Já por aqui, na terra que recebeu o privilégio de tê-lo como líder, seu nome jamais será esquecido. Como é a função da rodovia (entre Lindóia e Mogi Mirim) que leva o nome do monsenhor desde 21 de março de 2006, o eterno padre sempre será um elo. Entre nós e algo superior. Entre nossa frágil vida terrestre e a força a quem sempre este cidadão mogimiriano confiou sua fé.

História
Querido em todo o município, Padre Paiva chegou por aqui um mês após a ordenação, que ocorreu em 6 de dezembro de 1953. Veio para auxiliar o monsenhor José Nardin, que na época substituía Moysés Nora, que havia falecido.

Após um período fora, em 1959, voltou para Mogi Mirim, após convite de Nardin, para fundar mais uma paróquia, a da Santa Cruz de Belém, na qual faziam parte, em sua maioria, fiéis moradores de sítios na região. A data oficial de fundação é 25 de outubro de 1959. Mas, a igreja foi erguida pouco antes, em 1957. A estrutura carecia de melhoras, por conta de instabilidade no solo. E o Padre Paiva fez tudo ficar em pé. E seguir em frente!

Em 1985, foi construída a nova Igreja da Santa Cruz, feita por 120 estacas de concreto e decorada pelos tradicionais e coloridos vitrais, que permanecem até hoje. Agora, entre os detalhes que marcam a construção, uma parte fundamental para que a edificação se tornasse realidade faz parte do cenário. Ali estará, para sempre, o corpo do homem que nasceu em 6 de abril de 1928 e que entrou para a eternidade em 19 de agosto de 2021.

O POPULAR E O PADRE PAIVA

O Monsenhor Clodoaldo Nazareno de Paiva, o Padre Paiva, inúmeras vezes esteve nas páginas de O POPULAR. Inclusive, há poucos dias, neste mês de agosto, em comemoração ao Dia do Padre. Foi ainda o nosso primeiro personagem principal da revista Estilo. Confira abaixo algumas participações, que ficarão eternizadas.

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https://omogiano.com.br/corpo-de-padre-paiva-chega-na-igreja-em-cortejo-para-velorio-missa-as-8h-40144

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