A empresa da mulher do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, a mogimiriana Raquel Albejante Pitta, teve aumento de capital social “em moeda nacional corrente” de R$ 9 milhões em agosto do ano passado, quando o marido já era investigado pela Lava Jato. A notícia foi publicada pela Folha de São Paulo na edição de segunda-feira, 1º de agosto, na coluna Painel. Segundo o veículo, até então, a firma tinha capital de apenas R$ 115 mil.

Ainda de acordo com o jornal, os investigadores têm informações de que Raquel também comprou imóveis no exterior. A suspeita é a de que Funaro tenha usado a mulher para movimentar dinheiro fora do país. O empresário foi preso no dia 1° de julho, em São Paulo, em uma nova etapa da Operação Lava Jato, a Operação Sépsis. Ele já sinalizou a intenção de fazer uma delação premiada.
Conforme reportagem do G1, o portal da Globo, o objetivo da operação é investigar um suposto esquema de pagamento de propina para liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal. Delatores da Lava Jato e a Procuradoria-Geral da República (PGR) informaram ao site que Funaro é ligado ao presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A matéria do portal ainda explica que a operação teve como base delações do ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, e de Nelson Mello, ex-diretor da empresa Hypermarcas. De acordo com o G1, Fabio Cleto informava os nomes das empresas que pediam financiamento com recursos do FGTS a Lúcio Funaro. Este, por sua vez, procurava as empresas e pedia propina para agilizar a liberação do dinheiro. Segundo os investigadores, a propina era dividida entre Funaro, Cleto e Cunha.
Casada desde novembro de 2013, Raquel foi eleita, no mesmo ano, a personal trainer mais bonita da capital, fato que lhe rendeu destaque na Veja São Paulo e também em publicações do interior. Na adolescência, a mulher de Funaro também foi eleita a Rainha da Cidade.
Antecedentes
Segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo, Funaro atua no mercado financeiro desde o final da década de 90. O empresário também teve o nome envolvido nos escândalos políticos de 2005, quando foi alvo da CPI dos Correios e nas investigações do Mensalão do PT. Na época, Funaro optou por aderir à delação premiada e contribuiu com as investigações.
“A ausência de Funaro no noticiário durou até a ascensão de Cunha à lista de investigados na Lava Jato. Foi na operação que Funaro ganhou um nova denominação: operador de Cunha – o homem responsável por viabilizar o escoamento de propina das empreiteiras para as contas do deputado fora do País”, diz parte do texto do Estadão.
De acordo com a publicação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao pedir a prisão do empresário por conta desse histórico, afirmou que Funaro é “um dos grandes operadores da organização criminosa investigada na “Operação Lava Jato”.
Defesa
Ao jornal Folha de São Paulo, a defesa de Funaro afirmou que o aporte foi feito em cheque, que o dinheiro tem origem lícita e que não há nada a ser escondido. O POPULAR não conseguiu contato com a esposa do empresário até o fechamento desta edição.