A educação até pouco tempo era direcionada exclusivamente aos mais jovens, pois se acreditava que o ser humano se desenvolveria inicialmente na infância (Primeira Idade), durante a fase adulta (Segunda Idade) alcançaria o seu máximo de desenvolvimento e, na velhice (Terceira Idade), o desenvolvimento não mais ocorreria. No entanto, hoje sabemos que isso não é verdade, o ser humano se desenvolve ao longo da vida e, apesar das alterações ligadas ao envelhecimento, a terceira idade pode ser vivida com avanços e conquistas.
Casos como o de José de Sousa Saramago, escritor português, demonstram que a potencialidade humana não se esgota na velhice. Saramago decidiu ser escritor profissional quando estava próximo aos seus 60 anos de idade e devido ao seu modo inovador de escrever ganhou diversos prêmios, entre eles, o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, quando tinha 75 anos.
Outro exemplo de que o ser humano nunca para de se desenvolver é o de Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, mais conhecido como Oscar Niemeyer, mestre das curvas em concreto armado e gênio da arquitetura brasileira. Um de seus últimos projetos, o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, inaugurado em 2011 na Espanha, foi elaborado próximo aos seus 100 anos de idade, momento em que inovou e criou uma das obras mais encantadoras do mundo. Obra que ganhou prêmios, como “O melhor Projeto Nacional de Barcelona”.
Nesse contexto, na França, em 1973, Pierre Vellas, um professor universitário, confirmou que as oportunidades de educação oferecidas aos idosos eram quase inexistentes. Decidiu então abrir as portas da Universidade de Toulouse a todos os idosos, sem distinção de renda ou escolaridade, oferecendo-lhes programas com atividades intelectuais, físicas, culturais, artísticas e de lazer particularmente adaptados. Tirar os idosos do isolamento, propiciar-lhes saúde, energia e interesse pela vida e modificar sua imagem perante a sociedade foram, desde o início, os objetivos do programa.
A partir desta iniciativa local, o programa se espalhou por todo o mundo de tal forma que hoje milhões de pessoas idosas de diversos países, de diferentes continentes, participam de uma série de atividades intelectuais e culturais, que contribuem para um envelhecimento ativo e, consequentemente, para uma velhice bem-sucedida.
No Brasil, a primeira iniciativa de oferecer educação a adultos maduros e idosos aconteceu na década de 1970, onde foram fundadas em São Paulo as primeiras Escolas Abertas para a Terceira Idade do Serviço Social do Comércio (Sesc). Em 1982, a Universidade Federal de Santa Catarina torna-se a primeira instituição de ensino superior no Brasil a aderir ao movimento Universidade Aberta à Terceira Idade. Atualmente, o Brasil conta com mais de 200 programas por todo o país em instituições públicas e privadas.
Publicado por Associação Brasileira de Gerontologia – ABG