As deficiências estruturais vistas em escolas e creches por todo o país têm parte de sua realidade também encontrada em Mogi Mirim. Responsável por atender 150 crianças, entre 4 e 5 anos, a Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Maria Paula, no Sehac, zona Leste da cidade, vem causando preocupação devido a danos estruturais, como paredes trincadas, vidros e torneiras quebradas e problemas em salas de aulas.
Não bastasse isso, pombas que se alojam na parte alta da escola despejam coliformes fecais em um corredor próximo ao pátio e aos brinquedos do parque de diversões, muito em conta do forro da unidade ter despencado e estar em falta. A ausência do material utilizado para o revestimento de obras pode ser presenciada em ao menos dois pontos da Maria Paula.
A preocupação é tanta que um grupo de pais de alunos recolhem, há cerca de dez dias, assinaturas para um abaixo-assinado exigindo do Poder Público providências quanto à estrutura e limpeza da escola. O vereador Tiago Costa (MDB) também atua na elaboração de um documento sobre o estado da escola que deverá ser encaminhado ao Ministério Público.
Falhas
O POPULAR esteve na Emeb na tarde da última terça-feira e pôde atestar as ruins condições da escola. Logo na entrada, não existe identificação com o nome da unidade e os alambrados que cercam o local, além de danificados, de tão baixos podem ser facilmente atravessados. Os portões estão enferrujados, e quando se entra na unidade, a situação piora.
Embora a Maria Paula esteja em período de férias, há muito o que se fazer de olho no início do ano letivo, programado para a primeira semana de fevereiro.
As fezes de pombos estão por todos os lados, as trincas em paredes são perceptíveis, falta forro, torneiras para beber água e o mato toma conta da unidade. Os brinquedos também estão velhos e alguns pontos da escola foram alvo de pichação.
Mães admitem incômodo e cobram responsabilidade
O sentimento de tristeza é latente e a indignação cresce a cada dia. Mãe de duas crianças, Shirlei Conde de Souza, que vive próxima à Emeb, relembra um episódio emblemático e triste no que diz respeito às condições encontradas no local. Um de seus filhos, ao chegar da Maria Paula, no ano passado, reclamou sobre os coliformes das pombas.
“Um dia, ele chegou em casa e disse que a pomba havia feito cocô na cabeça dele. Ele chegou em casa com cheiro de cocô de pomba. Como pode isso?”, criticou, estarrecida.
“A escola está abandonada há muitos anos, reclamamos e ninguém faz nada. Não estamos pedindo muita coisa, só o básico”, completou, com ar de revolta e inconformismo.
Maria Cristina Bernardo da Silva, que este ano verá seu filho estudar na unidade, não esconde a preocupação. “Dá muito medo vendo tudo isso, não temos condições de pagar uma escolar particular, queremos só um lugar bom para eles, com conforto e qualidade”, cobrou.
Uma das organizadoras do abaixo-assinado, Gabriela Pulcinelli faz um paralelo ao período em que deu os primeiros passos nos estudos. “Eu me recordo na época em que eu chegava à escola e via as paredes pintadas com desenhos, tudo bonitinho. Hoje não tem condições nem de começar as aulas aqui, é humilhante”, reclamou.
“Não tenho para onde correr, vaga fora daqui é difícil e, se eu conseguir para uma escola longe, tem que gastar com transporte”, lamentou.
Prefeitura pede união dos pais e formação de APM
A Prefeitura informou que a Maria Paula atende 150 crianças, tanto em período integral como parcial e, passou por uma reforma não só durante o segundo mandato de Carlos Nelson como prefeito, de 2009 a 2012, como também na gestão do ex-prefeito Gustavo Stupp. De acordo com a secretária de Educação, Flávia Rossi, a escola se localiza em uma região com intensidade de ventos e que a corrente de ar acaba levando o forro, de PVC.
“A manutenção é prioridade da secretaria, mas são 45 pontos onde tem todas as demandas e junto à manutenção do forro de PVC, não só essa unidade, como outras, tanto de Cempi como de Emeb, estão passando agora por um período de orçamento. Não foi feito antes porque tínhamos outras prioridades, como pagar as contas que ficaram ainda em débito e organizar a rede física, que também demandavam recursos”, ressaltou.
“Entendemos que tudo é prioridade, mas neste momento nós precisamos organizar a rede. É uma escola que ainda não tem APM (Associação de Pais e Mestres) constituída, por isso é uma escola que ainda não tem o recurso do PAF (Plano de Aplicação Financeira), que todas as outras já dispõem. São R$ 3 mil de recursos repassados trimestralmente, R$ 12 mil no ano. Queria pedir a colaboração dos pais para que abracem a escola, fortaleçam e organizem a APM. A escola não perde só no repasse municipal, mas também verba do governo federal e estadual. Peço que os pais busquem o caminho correto, da junção de forças e de união na gestão da escola”, clamou.