Café da manhã, leite e bolo de fubá, uma comida produzida a partir de diversos conhecimentos, como a matemática, utilizada para calcular a medida dos ingredientes, a física para verificar o ponto da receita no forno, a química para produzir a reação entre os itens e fazer o bolo inflar e o conhecimento histórico para saber que a guloseima era inicialmente produzida somente pelos negros.
O nosso dia a dia é assim, tudo se encaixa para gerar novas formas de expressão do ser humano, e foi assim que a Escola Municipal de Ensino Básico (Emeb) Jorge Bertolaso Stela, localizada no Parque do Estado II, em Mogi Mirim, trabalhou durante todo o ano para produzir a IX Feira Técnico Científica Cultural.
O evento foi realizado na quinta-feira e mesclou as diversas disciplinas. Desde o início do ano, os alunos e professores trabalharam em um projeto multidisciplinar baseado em todas as regiões do Brasil. Assim, estudantes desenvolveram os mais variados trabalhos e exposições sobre as regiões, como a identificação de personagens destaques, em pesquisas sobre a produção de chocolate e o cultivo da soja, biomas e animais e também o folclore, etc. Até a poeta Cora Coralina, o escultor Aleijadinho e Lampião e Maria Bonita estavam presentes nas explicações.
“Acho que quando as explicações são feitas assim, fica bem mais fácil de entender porque os professores falam dos mesmos assuntos, mas relacionando com a matéria”, disse o aluno do 9° ano, Gustavo de Moraes.
“A feira é um ponto de culminância do trabalho desenvolvido durante o ano e traz muito conhecimento por que ao pesquisar eles (alunos) nunca mais esquecem”, ressaltou a diretora, Doralice Scafi.
O trabalho de pesquisa e multidisciplinaridade envolve todas as séries e professores da escola e um dos exemplos é a disciplina de artes, que até o 6° ano é ministrada pela professora Lena Celegatti, que em 1987, junto ao esposo e também artista plástico, Moisés Celegatti, fundou a primeira escola de artes de Mogi Mirim, a Haja Luz.
A escola tinha alguns princípios que lembram o que hoje é feito pela Emeb, apesar de a unidade ter que seguir uma proposta. “A gente queria ensinar arte, não algo imediatista. Então, o aluno iria aprender o que é um esfuminho, o que é um carvão, as técnicas, os artistas, até que ele se encontrasse”, explicou a professora.
“Nós não precisamos de copiadores, então o princípio é ensinar o aluno a pensar, a compor”, destacou Moisés Celegatti.
Hoje a escola não existe mais; foi fechada em 1999. No entanto, os princípios atualmente são trabalhados por Lena dentro da escola que faz questão de educar os alunos por meio desse método até mesmo quando se trata de arte rupestre. Mas, note, para trabalhar com a arte pré-histórica, os alunos foram antes preparados pelos professores de história e geografia, pois uma disciplina sem a outra não mostra o universo multi que vivemos.
Onde estão
Hoje, Lena e Moises continuam a trabalhar com arte, tanto em escola e faculdade, como no próprio trabalho diário dele, que também é designer. Fora isso, os dois têm obras em diversas galerias e atuam com esculturas, nesse ano, por exemplo, as da Expoflora foram desenvolvidas por eles.