Nada contra as pessoas. Sou incapaz para julgá-las por não conhecê-las em profundidade. Mas, doem como um bico na canela algumas escolhas feitas por Dilma para o Ministério e por Alckmin para o Secretariado.
Em particular, é uma enorme bola fora, um chute para o mato, a indicação que ambos fizeram para o Esporte. Nos dois casos, o cargo é da quota do PRB, que vem a ser o Partido Republicano Brasileiro. O que isso significa, talvez dois ou três fundadores saibam explicar. Mas, deixa para lá. É o de menos num universo partidário no mínimo esdrúxulo.
O PRB, como sabem os que se informam minimamente, é dominado pela cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus. Em sendo assim, Dilma e Geraldo foram beber na fonte.
Escolheram dois pastores: George Hilton (o nome é pomposo e reproduz o do ator nascido uruguaio, mas criado na Inglaterra) para o Ministério e o vereador paulistano Jean Madeira para a Secretaria. Madeira é professor de judô.
Não está em causa o fato de serem pastores, mas está em causa o critério que governantes adotam para lotar ministérios e secretarias. O partido, para ser recompensado pelo apoio oferecido na campanha, precisa estar representado. É titular de um quinhão do governo.
Só por curiosidade: dá-se, então, que os pastores vão se alojar, ao redor da mesa, ao lado de figuras de concepções absolutamente opostas, como representantes do PC do B e do PPS, este que carrega a ossada do que era o velho PCB. Mas, isso também é relativo. Apenas um dado exótico da exótica política brasileira.
Há outras estapafúrdias escolhas. (Em tempo: estapafúrdia era verbete recorrente na narração do locutor esportivo Haroldo Fernandes). Me causou calafrios, por exemplo, ver o nome de Helder Barbalho escalado no time de Dilma. É filho de Jader, o que já não recomenda. E é um perdedor. Embora movendo rádios e jornais da família contra o governador Simão Jatene durante quatro anos, capotou na disputa pelo Pará.
Kátia Abreu também é algo que revira o estômago. Mas, decidi que hoje me ocuparia dos ungidos para o Esporte. Ungidos, parece-me, é termo bem adequado para as circunstâncias e o perfil dos próprios.
Às vezes me parece que certos postos só existem mesmo para abrigar correligionários, tal é precária a qualidade dos premiados. No primeiro governo, Dilma outorgou escritura do Ministério do Esporte ao PC do B. Foi Orlando, abatido no curso de escândalo de má aplicação de recursos, e depois Aldo. Então, é assim.
Em tudo, todavia, há sempre algo de positivo. Dizem, por exemplo, que tragédias ensinam. Sendo assim, será que não devemos saudar as escolhas para o Ministério e a Secretaria de Esportes, em razão do recrutamento de um pastor e um bispo licenciado da Universal?
Sob ambos, ao menos por palavras e intenções, o Esporte estará abençoado. Quem sabe isso nos garanta uma ‘tantada’ de medalhas de ouro nas Olimpíadas. E se tivesse sido feita antes, não poderia ter nos livrado do vexame do Mineirão?
Rezemos!
Valter Abrucez é jornalista autodidata. Ocupa, atualmente, o cargo de Secretário de Comunicação Social na Prefeitura de Mogi Guaçu e escreve aos sábados em O POPULAR.