sábado, novembro 23, 2024
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ESPECIAL DIA DA CIDADE: A realidade atípica da docência com mãe e filha

A mogimiriana Ana Letícia e a mãe Delma são professoras e relatam seu dia a dia na docência fora das salas de aula neste ano. Foto: Arquivo Pessoal

Se ser professor no Brasil já não é tarefa fácil, imagina em meio à essa pandemia do novo coronavírus, que exigiu da docência uma experiência nova para muitos – a de lecionarem aulas online e ainda ficar com a impressão de que este foi um “ano perdido” na educação.

Duas professoras de Mogi Mirim, mãe e filha, vivenciam essa prática e contam suas impressões.

Delma Melo Silva Bueno dos Santos, de 72 anos, é professora de educação especial da rede municipal de Mogi Guaçu há 15 anos. Ela atende no AEE (Atendimento Educacional Especializado) 13 alunos, sendo cinco autistas, dois com síndrome de Prader Willi e seis com DI (Deficiência Individual).

“No AEE trabalhamos habilidades e competências no contraturno do ensino regular. É um trabalho olho no olho, próximo dos alunos. A suspensão das aulas presenciais foi, portanto, uma mudança brusca e assustadora”, disse a docente.

Ela revela que enfrentou, sim, dificuldades para lidar com as ferramentas digitais. “Por não dominar todas as tecnologias digitais.” Desde então vive uma rotina atípica. Teve de se adaptar para fornecer conteúdos a seus alunos. Esses conteúdos são enviados por WhatsApp aos pais, que são quem acompanham os filhos na execução das rotinas.

“Está sendo um aprendizado, tanto que faço cursos online pra ficar atualizada e poder ajudar meus alunos da melhor forma possível. Mas as aulas presenciais são imprescindíveis, embora o ensino digital será útil nessa nova forma de ensinar”, observou “tia” Delma.

Sua filha Ana Letícia Silva Scomparim também é professora. Leciona educação física em escolas municipais de Mogi Guaçu e Araras para 400 alunos. É professora desde 1994. Com a pandemia da Covid-19 também teve de se adaptar às novas tecnologias, embora tivesse mais afinidade com elas do que sua mãe. E mesmo assim não está sendo nada fácil.

“Em Mogi Guaçu, o atendimento aos alunos é feito pelo WhatsApp. Imagina adicionar todos os alunos e pais no meu celular particular? Pirei, né. A internet não aguenta e o celular não suporta tantos arquivos recebidos da escola e dos alunos”, desabafou.

O lado interessante dessa experiência, conta Ana Letícia, foi a aproximação com seus alunos através dos meios digitais. Ela observou que muitos estudantes se mostraram mais interessados na disciplina. Por outro lado, sempre têm aqueles descompromissados com as atividades. “Daí a gente tem que ficar cobrando a todo instante.”

Assim como a mãe, dona Delma, a professora Ana Letícia entende que a tecnologia veio pra ficar e a tendência é continuar mesmo após o retorno das aulas presenciais, que não se sabe quando vai ser.

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