Em Mogi Mirim, um casal divide a mesma paixão por conduzir veículos. E nem sempre muito comuns. Rodrigo Faiad, 42 anos, e Cintia Gonçalves Faiad, 44 anos, são parceiros em todos os ritmos. Inclusive em alta velocidade.
Estes mogimirianos são pilotos de corrida off-road. Encaram ralis e outros obstáculos tortuosos com muito bom humor, amor um ao outro e paixão por dirigir.
Rodrigo começou na direção ainda menor de idade. Lavava o fusca dos pais apenas para dar uma volta no quarteirão. Quando o pai lhe ensinou, chegou a fazer uma cópia da chave para dar umas escapadas.Já Cíntia se recorda que, com 11 anos, a primeira a deixá-la pegar um carro foi a “Tia Marisa”, em Porto Alegre-RS, no sítio em que passa férias com a família. Por lá, o jipe da tia virou a primeira experiência.
E dura experiência. Almofada no banco, câmbio que mal saia do lugar – ela ficava mais em primeira marcha mesmo e, para colocar segunda, parava o jipe para usar as duas mãos. Lembranças vivas. Esta última, da Cíntia, Rodrigo ficou sabendo na entrevista. Já o que ele sempre soube é que ela era a parceira para tudo. Inclusive para este “amor sobre rodas”.
Rodrigo começou a vida no off-road já com 18 anos, em 1995. “Comprei uma DT 200 e fiquei quase 20 anos andando de moto. E, neste percurso, fazia trilha na região, provas de enduro, o Enduro das Montanhas, fiz Cerapió, que é o maior rali de regularidade do mundo, fiz Rally dos Sertões e sei que toquei com moto até janeiro de 2014”. Foi quando ele vendeu a moto e comprou um UTV, uma espécie de buggy.
“Disputei campeonatos brasileiros, como Polaris Cup, Brasileiro de Baja e de Cross Country e entrei mesmo no mundo automobilístico off-road de vez”.Foi neste ano que estreou no Rally dos Sertões como chefe de equipe, sendo depois navegador e piloto também. Em 2018, começou a correr na Mitsubishi Cup, competição em que o casal já estaria unido em 2020, não fosse a pandemia.
Cíntia brinca que, tirando a experiência com trator na roça, a vida off-road começou mesmo em 2014. Naquele ano, fizeram todas as etapas da temporada, com ela correndo na equipe feminina e conquistando ótimos resultados. Juntos, unidos pelo prazer em dirigir, se enfiaram no estradão de estados como Minas Gerais, Goiás e Ceará.
Em 2014, quando Rodrigo vendeu a moto, a relação subiu de degrau. Cíntia não esconde que as corridas de moto do parceiro atrapalhavam. “Ele me trocava pela moto”, conta, aos risos, Cíntia. Que teve o troco. “Sabe a história, ou eu ou a moto? Ligava a moto e ia embora”, brincou Rodrigo.
Mas, não só “cancelaram” a moto como o UTV entrou na vida, eles começaram a viver as mesmas aventuras e ainda, na maioria das provas, com as crianças junto.
“Ao mesmo tempo de ter o prazer de estar ali, correndo, disputando, estávamos em família, curtindo tudo aquilo”, destacou Cíntia. É uma cumplicidade que não se resume aos feitos em conjunto. Neste ano, como já dito, Cíntia seria a piloto e Rodrigo o navegador na Mit Cup.
Ainda não deu, pela pandemia, mas a informação mais recente é de que, no final de agosto e começo de setembro serão promovidas duas etapas, uma em Cordeirópolis e outra em Jaguariúna, finalizando, posteriormente, em Mogi Guaçu, no Velo Città. Será uma nova chance para eles mostrarem que um casal pode se tornar um motorista só. Cíntia fica no volante. Rodrigo no planejamento, sendo o olho de sua parceira.
“O piloto acreditar em você é uma sintonia que leva tempo, mas é muito bacana quando acontece de forma harmoniosa. Ainda este ano não tive oportunidade de fazer, não vejo a hora. Já estamos treinando, já andamos junto. Ela tem uma pegada boa de piloto, mas tenho certeza que ela vai fazer bonito nas provas”, enalteceu o parceiro de uma mulher apaixonada, desde sempre, por direção.
“Sou assim desde criança. Aprendi desde muito cedo. O presente de 15 anos foi viajar dirigindo uma camionete, a F-1000 do meu pai. Então, sempre gostei muito do volante, de dirigir, da velocidade”. Paixão em casal, em dupla. Em alta velocidade!