A família já deixou sementes em várias terras. Mas, foi aqui que a página mais fértil desta história cresceu e virou lição para todos que os cercam. José Carlos Grigoletto tem 73 anos. Aos 14 estudou no Senai de Campinas e no início de 1963 se mudou para Santo André, onde foi morar com a avó e iniciar a trajetória profissional. Chegou a atuar no próprio Senai como instrutor de aprendizagem, mas, em 1972, ingressou na Volkswagen do Brasil, onde atuou na montagem do Centro de Formação Profissional e, posteriormente, como instrutor.
Em 1983, uma época de crise, deixou a montadora para se mudar para o Interior. Queria trabalhar por conta. Procurou a Escola da Brastemp, em São Bernardo do Campo. “Falei sobre meu interesse em trabalhar como técnico em reparos de eletrodomésticos. Fui prontamente atendido, na condição de frequentar todos os treinamentos na área. Após esta preparação escolhi Mogi Mirim para recomeçar minha vida profissional”, contou Grigoletto.
A vinda para Mogi tinha como ideia a abertura de uma empresa para atender a região como prestadora de serviços e venda de peças de eletrodomésticos e ar condicionado. Em meio a uma intensa atuação profissional, ele consolidava uma bela família. Ao lado da esposa, Maria Neide, criava os filhos Paula, Alexandre, Fernanda e Priscila. Todos embarcaram para a Cidade Simpatia com o patriarca. Mas, em 1984, pouquíssimo tempo após a chegada, veio uma notícia que abalou a todos. Maria Neide faleceu de câncer, aos 39 anos. “Eu tinha 40 anos, com quatro filhos pequenos e tive que pedir a ajuda da minha mãe. Foi a fase mais difícil da minha vida”.
Grigoletto não só perdeu o amor da vida, como viu a responsabilidade em relação aos seus mais belos frutos aumentar. Ao mesmo tempo, a empresa, a Mirim Serv Autorizada, iniciava seus passos no comércio mogimiriano. Além da ajuda efetiva da mãe, que residia em Pirassununga antes de vir ajudar o filho a cuidar dos netos, teve o auxílio das boas lembranças da sua própria criação.
“Lembro-me dos meus pais que, cedinho, pegavam suas marmitas e caminhavam para trabalhar na roça. Só voltavam à tardezinha. Para mim, o modelo de paternidade era de pessoa trabalhadora, de responsabilidade e pai de família”. Por isso, como no início deste texto, está o trabalho como peça importante. Mas, a família, como a força motriz.
E este homem, que tanto se ocupava com seu ofício, para gerar sustento à prole, também se saiu bem como instrutor dos caminhos da vida. “Tive que atuar como pai e mãe. Como cozinheiro e cuidador de quatro crianças. A coisa complicou após a volta da minha mãe para a sua casa, mas, graças a Deus, conseguimos tocar o barco”. O mar conduziu toda a família para a grande marca genealógica: o trabalho.
Hoje, os filhos atuam com o pai e outros funcionários (pois é, a família cresceu) na empresa que Grigoletto criou no momento mais complexo da vida de todos. Paula, aos 49 anos, Alexandre, aos 47, Fernanda, aos 45 e Priscila, aos 39, estão bem criados. E com o exemplo de paternidade bem definido. “Sem dúvidas foi um período de crescimento e amadurecimento. Não sei se fui o melhor pai, mas pude ver o quanto são vulneráveis as crianças e quanta responsabilidade precisamos ter para criá-los. Confesso que aprendi a ser mais rígido, mas acho que valeu a pena”.
Não à toa, garante sentir orgulho de cada um de seus pequenos. Sempre pequenos. E se sente seguro para passar uma mensagem a todos os pais. “Não esqueça dos seus filhos. Cuide deles junto com eles. Se não for o exemplo que gostaria, seja o melhor amigo. Ame-os com o seu coração”.