quarta-feira, novembro 20, 2024
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Especial ‘Mês dos Namorados’: O amor vence o tabu

Celebrar o amor. Em todos os momentos, é um ato válido. Em um momento como o atual, de disseminação do ódio aos diferentes, é um ato valioso. Por isso, fechando junho, o “Mês dos Namorados”, O POPULAR traz um material especial sobre o amor. E, claro, vamos de clichê, com uma história romântica. Mas, nem tão clichê assim…

É que os nossos personagens fogem um pouco do habitual. Afinal, é um casal formado por dois primos. Daniele Cristina Pulcinelli Bissioli, 36 anos, e Mateus Roberto Pulcinelli Bissioli, 31 anos, são nascidos e criados em Mogi Mirim. Eles são primos de primeiro grau. Ela é filha de Ademir, que é irmão de Clarice, mãe de Mateus.

E, exatamente pela proximidade, se conhecem há um tempão. “Eu sou mais velha que ele 5 anos, então lembro dele pequenininho, brincando com os primos menores, sempre quietinho”, relembrou Dani. Eles recordam ainda que se encontravam quase que todo fim de semana, na casa dos avós em comum, nos encontros de família. Mas a relação foi se mostrando, a ambos, que era algo mais.

“O Mateus tinha uma banda com um outro primo, e me chamaram pra cantar. A gente ficou muito próximo…”. As reticências dão o ponto pra história. Entre ensaios e apresentações, eles foram se entendendo por música. Do entrosamento, o amor. E, do amor entre dois primos, olhares de desaprovação. “Meu pai não ficou muito contente quando soube. Ficou três meses sem falar comigo (risos). Tinha medo de não dar certo e dar problema entre a família. Os demais aceitaram numa boa. Nosso avô em comum ficou muito feliz”, relembra Dani.

Aos poucos, principalmente por ficar claro que não era uma mera aventura, a relação não foi só aceita, como motivou boas histórias. “As pessoas sempre brincam que a gente acumula cargos na família, tipo: tio/sogro, prima/ cunhada… Nossa filhinha é também nossa prima de segundo grau (risos)”, destacou Mateus, com o complemento de Dani. “Também tem a piada que não pode xingar a sogra, porque é nossa tia. Ou que economizamos na festa de casamento, porque a família era a mesma”.

Como é comum quando algo visto historicamente de forma torta pela sociedade se mostra tão boa não apenas para os protagonistas, mas também para os coadjuvantes da história, a paixão entre Dani e Mateus expôs, a eles, o que é o amor. “Pra gente é uma parceria em tudo, parceria de vida mesmo. Eu acredito que toda forma de amor de verdade é amor, tem que ser validada e respeitada”. E claro: “Acho que quebrou alguns preconceitos e paradigmas que a gente tinha sobre algumas coisas sabe”.

Sabemos, Dani. Por mais que ainda há burocracias a serem superadas para formalizar algo tão doce. Eles precisaram pedir uma dispensa para o bispo diocesano para poderem casar na Igreja. E, quando o desejo de aumentar a família se tornou um comum acordo entre eles, também foram atrás da ciência. Com direito à quebra do principal tabu quando se fala em relação entre primos. “Sobre a Didi (filha do casal), a gente consultou com um geneticista, mas foi mais por insistência da família. Não tivemos nenhum problema não, foi uma gestação muito tranquila”.

Do mesmo sangue veio uma bela e saudável criança. E as crianças que existem em Dani e Mateus, os primos que cresceram juntos e se apaixonaram por meio da música, continuam ativas quando o assunto é o elo que os ligou para sempre. Ela no vocal, ele na bateria. “Sobre a banda, é uma das nossas parcerias que deu certo. Pra gente é ótimo trabalhar juntos e dividir uma coisa que a gente gosta muito. Sem contar que sempre é muito divertido”.

E é assim que a banda deve tocar. Com amor vencendo tabus, e com a história de Dani e Mateus nos motivando a entender que a paixão é escrita através de diferentes repertórios. Como é a própria vida musical. Ao lado de Evandro Vettorato (baixo) e Fernando Gonçalves (guitarra e violão) eles formam a dONA Cöisa, se o assunto for acústica, mpb, pop rock, flahsback, rock clássico. Mas se o papo pede rock clássico internacional, eles viram a dONA Rocks. Assim é o amor. Várias facetas, mas um mesmo fim.

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