14 de dezembro de 1985. Esta é uma das datas mais importantes para a história de Mogi Mirim. Não só para o esporte, protagonista daquela tarde. Mas para a comunidade como um todo. Naquele domingo, no Pacaembu, o Mogi Mirim Esporte Clube conquistou o título da Segunda Divisão, garantiu o acesso para a elite pela primeira vez em mais de 80 anos de trajetória e iniciou uma fase que tornou a cidade conhecida nacional e mundialmente.
Sabemos que o momento da agremiação não é de felicidade. Gestões temerárias e a passividade da população conduziram o clube à sua pior crise. O Sapo está fragmentado administrativamente, socialmente, estruturalmente e, o mais duro, financeiramente. Porém, não é pelo clube ter chegado a este ponto pelas mãos de quem, em 1985, não fazia a mínima ideia da existência do Alvirrubro, que devemos deixar de exaltar seus feitos e posicionar sempre de forma contundente sobre sua importância histórica para a cidade.
É pela relevância deste acesso que O POPULAR inicia hoje uma série de reportagens sobre o feito registrado pelo Sapão da Mogiana em 1985. Na edição desta sexta-feira, 4, vamos destrinchar a competição. Participantes, fases, regulamento e outras informações pertinentes sobre aquele campeonato.
Na próxima sexta, 11, vamos trazer um levantamento histórico de cada jogo naquela caminhada do Mogi na 2ª Divisão. No dia 18, na semana do acesso, um raio-x completo do elenco vitorioso. E, para fechar, no dia 24, uma série de depoimentos de quem viveu, direta ou indiretamente, aquele momento ímpar na história da cidade.
Como foi a 2ª Divisão
Criada em 1947, a atual Série A2 do Campeonato Paulista teve inúmeras nomenclaturas até chegar à atual. Até 1979 era conhecida como Divisão Intermediária, sendo batizada de Segunda Divisão a partir de 1980. Este foi o nome oficial na edição de 1985, a quarta vez em que o Mogi Mirim Esporte Clube estava no segundo degrau estadual, já que estreara em 1982.
A 39ª edição do torneio reuniu 52 clubes. A princípio seriam 53, mas a Esportiva de Guaratinguetá desistiu. Desta forma a Federação Paulista de Futebol (FPF) dividiu as agremiações em quatro chaves com 13 clubes em cada. Como consta na tabela acima, as equipes foram regionalizadas nos grupos Verde, Branco, Amarelo e Preto.
Entre os clubes que disputaram aquele torneio, alguns se tornaram habituais rivais do Sapão na elite, como o Ferroviário (posteriormente rebatizado de Ituano), o Rio Branco de Americana e o Bragantino (atual Red Bull Bragantino). O Mogi entrou no Grupo Branco e contava com rivais tradicionais, sendo o mais relevante o vizinho Atlético Guaçuano.
Velo Clube e Rio Claro, agremiações que rivalizavam com o Alvirrubro desde a década de 1950, também estavam na chave, assim como Independente de Limeira, Lemense, União São João de Araras, Palmeiras de São João da Boa Vista, Ginásio Pinhalense, Rio Branco, União Barbarense, Capivariano e o DERAC de Itapetininga.
As equipes disputaram as chaves por pontos corridos em dois turnos, com os quatro melhores colocados de cada grupo avançando para a fase seguinte. O último colocado de cada grupo disputaria o “Torneio da Morte”, que rebaixava duas equipes à divisão inferior. Os 16 classificados formaram quatro novos grupos, disputado nos mesmos moldes da fase anterior, com o melhor colocado de cada grupo garantindo vaga no desejado “Quadrangular Final”.
Na primeira fase, a melhor campanha geral foi do Taubaté, que somou os mesmos 36 pontos do EC São Bernardo, no Grupo Verde. O Mogi, com 34 pontos, liderou o Grupo Branco, fazendo o terceiro melhor desempenho geral ao lado do Tanabi, líder do Grupo Preto. Era um rascunho de como seria o desenho da reta final.
Ao fim das 24 rodadas, Taubaté, EC São Bernardo, Portuguesa Santista e Cruzeiro avançaram no Grupo Verde. No Grupo Branco, Mogi Mirim, Rio Branco, Independente e Lemense. Novorizontino, Francana, Barretos e Sãocarlense se qualificaram no Grupo Amarelo. Já no Grupo Preto, Tanabi, VOCEM, Fernandópolis e Araçatuba passaram de fase.
Na etapa seguinte, novo corte. Com quatro chaves de quatro clubes em cada, Taubaté, Mogi Mirim, Novorizontino e Tanabi garantiram um lugar no quadrangular decisivo. A briga pelo acesso estava definitivamente confirmada! Na próxima edição, vamos destrinchar a campanha do Sapão, com as fichas técnicas dos 36 jogos do clube naquela campanha histórica.
Crédito da foto: Gazeta Press