Em plena crise da saúde, Mogi Mirim assiste a um espetáculo de precipitações e priorização do marketing em detrimento das abordagens técnicas e exibição de números tendo como enredo a construção de um hospital municipal. O prefeito Carlos Nelson Bueno, que admite poder ter errado no local de construção do hospital de Mogi Guaçu e que pode estar errando novamente em Mogi Mirim com a localização, se precipitou ao anunciar uma unidade de saúde sem os devidos aprofundamentos. Assim como o prefeito explorou um desnecessário marketing, com direito a uma precipitada colocação de placa, parte da oposição prioriza o teatro com até filme pastelão ou desperdiça a chance de discutir o tema em alto nível como na única audiência pública sobre o tema.
No sábado, o vereador Cinoê Duzo demonstrou desprezo pelas regras básicas de convivência em um local que, por sua história, já merecia uma postura diferenciada. Chegou atrasado, sem se desculpar e ergueu um cartaz sobre discussão tão importante. Diminuiu o local com ações petulantes, sem ligar para quem estava ali. Transformou a casa em um mero banco de praça ou de boteco. Outros vereadores deram um péssimo exemplo. Tiago Costa, Maria Helena Scudeler, Marcos Gaúcho e Moacir Genuário foram até o terreno público, em que o governo planeja instalar o hospital, para retirar a placa colocada pela Administração, em uma espécie de show midiático.Fizeram uma transmissão ao vivo pela internet, criticaram as ações do prefeito e, com o objetivo de “enterrar o projeto”, retiraram a placa e a deixaram jogada no terreno. Depois, colocaram de volta. O ato recebeu duras críticas por incentivar a depredação e por políticos experientes se prestarem a um papel desses.
É fundamental dizer que a Administração erra no sentido de se precipitar às ações. Colocar uma placa, informando que ali se localizará as futuras instalações, quando ainda não há essa certeza, é desrespeitoso com os vereadores, que estão, ou deveriam estar, debruçados sobre a pauta. Desrespeita a população, merecedora de informações aprofundadas e não de uma placa com anúncio duvidoso. Parece uma tentativa de, no futuro, culpar o Legislativo, caso o projeto não seja aprovado.
Com o adiamento da votação de inclusão do hospital no Plano Plurianal, embora por apenas 15 dias, o tema pode ser mais estudado. Uma tentativa técnica de convencimento do prefeito de que o investimento financeiro em um projeto detalhado é importante para evitar um arrependimento futuro, sem teatros, seria a melhor forma de a oposição colaborar para que a população, os vereadores e o próprio Carlos Nelson tenham condições de saber se o hospital é a alternativa mais indicada no momento. Mais audiências deveriam ser realizadas e informações, esmiuçadas. A população paga seus impostos e merece ver seus representantes atuando com mais cautela, serenidade e menos pirotecnia.