Eu não acho que a maternidade seja uma obrigação, mas acredito que em nenhuma outra relação a vida aconteça da mesma forma. E isso não é bom nem é ruim, é apenas escolha. Para mim hoje é o maior espaço de aprendizagem e a força que me movimenta constantemente.
Sou uma pessoa contemplativa, para não dizer preguiçosa. Adoro ficar esparramada lendo, assistindo ou só olhando para o nada mesmo. Nos períodos que a Gabi e o Neto tiram férias na casa da mãe do Alisson, isso até acontece, aquele descompromisso com a vida, a alimentação, as urgências. Mas é bem pontual, porque na maior parte do tempo sigo como se tivessem duas mãos me empurrando pelas costas para que eu continue subindo o morro correndo.
E isso serve para todos os âmbitos: na saúde, no desenvolvimento intelectual, na produtividade, no ganhar dinheiro e até no mais básico, como sair de casa num dia frio para comprar um pão fresco. Isso porque, mesmo que as vezes com um humor tenebroso e muito sono (risos), eu estou sempre disposta a participar, quero ver tudo de pertinho, ir somando experiências. Além, é claro, do exemplo.
O mesmo me move a ler, entender o que se passa no mundo, lembrar da geografia dos países, dos clássicos de vestibular, descobrir novas figurinhas do WhatsApp e o universo de possibilidades do Instagram. Sem falar, é claro, nos assuntos “top 10” das personalidades e subcelebridades.
Se fosse só por mim, depois das 19h, a vida seria só leite e silêncio, principalmente no inverno. Nada de jantar ou conversa, todo mundo deitadinho bem quietinho. Mas, graças a fome adolescente e a necessidade de nutrientes, esta hora estamos começando a preparar o que comer, quando não, estamos voltando para a casa depois de buscá-los em algum compromisso.
A alegria jovem segue, liga o chuveiro às 22hs, banho regado à música, disposto como quem acabou de descobrir a vida. Ufa, agora relaxado é só dormir?! Claro que não! Na volta, encontra o gato pelo corredor louco para jogar bolinha. E, se for final de semana, é dia de corujão no computador até amanhecer o dia.
Se por um lado a maternidade roubou parte da minha individualidade, por outro é certo que eu saberia menos da vida. Mas isso se trata de mim, do meu comodismo. Em alguns momentos me sinto cansada, claro, mas a maior parte me sinto viva, graças a vida que eles dão onde estão.