sábado, novembro 23, 2024
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Esporte Clube Olímpico preenche a vida de amigos com futebol, cerveja e música

Reunir os amigos aos finais de semana para tomar uma cerveja, jogar um futebol e se divertir com uma música agradável. A receita é adotada em inúmeros cantos do país, mas manter um grupo reunido por décadas de forma organizada é privilégio de poucos em Mogi Mirim. Entre os grupos de maior destaque na cidade está o Esporte Clube Olímpico, que prepara uma festa de comemoração aos 37 anos de história.

Fundado em 1981 por Luiz Gonzaga Martinelli Júnior, o Banana, o Olímpico nasceu como Café Coppo, com o nome escolhido como forma de reconhecimento ao patrocinador. Após cerca de cinco anos, com a saída da distribuidora de café da condição de patrocinador, o time ganhou o nome de Olímpico.

A escolha foi uma homenagem a outro clube, o Olímpico Futebol Clube, que disputava o Campeonato Amador na década de 50 e era um adversário do Mogi Mirim, na época em que o Sapo disputava competições amadoras. As cores oficiais do atual time são azul, branco e vermelho. Mas já foram usadas nos uniformes cores laranja, bordeaux e verde. O Café Coppo usava azul e branco, enquanto o antigo Olímpico, branco e vermelho.

O Olímpico FC tinha nomes como Bira Martinelli, Maina, Toninho Diamantino e o goleiro Guga, pai de Guguinha.

Eram espécies de ídolos de fundadores do EC Olímpico e havia até interligações. Bira, tio do fundador Banana, foi técnico do primeiro quadro do Olímpico.

Diferente do antigo, o Esporte Clube Olímpico prefere não disputar campeonatos para evitar confusões. O DNA é festivo e, apenas duas vezes, o time disputou uma Copa Veterano, chegando a ser vice. Porém, houve problemas entre jogadores, comprovando que ficar afastado das competições é a melhor opção.

Há 37 anos, Esporte Clube Olímpico disputa amistosos semanais contra times de diversas cidades.(Foto: Arquivo pessoal)

A prática do Olímpico é disputar amistosos contra adversários de diferentes cidades como Campinas, Socorro, Serra Negra, Águas de Lindóia e Monte Sião, com jogos em Mogi e outros municípios. As idades dos jogadores são variadas, mescladas, de 18 a 55 anos, aproximadamente. Hoje, os amistosos são aos sábados e domingos. A preferência é por amistosos contra times de outras cidades, para evitar que rivalidades pessoais de Mogi reflitam nos jogos. O maior rival é a Família Unida, de Campinas. Há ainda rivalidades com Estudiantes, de Limeira, o Cobras, de Campinas, onde já jogou Jorge Mendonça, ex-Palmeiras, e o Paulista e o Taguaçu, de Mogi Guaçu.

Na história da família Olímpico, os jogos vêm acompanhados por cerveja, bate-papo e música. (Foto: Arquivo Pessoal)

Embora busque montar times fortes diante da qualificação dos adversários, o foco é o lazer. “É um momento que você deixa de lado um monte de preocupação, do trabalho, e passa um momento alegre”, frisa o economista Adelcio Luiz Bruno, de 76 anos, atuante desde a fundação e o mais antigo entre os atuais integrantes ativos.

Adélcio Luiz Bruno é o mais antigo entre os integrantes ainda ativos do grupo.(Foto: Diego Ortiz)

“Além de praticar o esporte, você convive com amigos, tem o social”, frisa o advogado Luiz Carlos Martini Patelli, o Guguinha, de 51, atual presidente e há 25 anos no grupo. “A gente vai lá para espairecer”, destaca o empresário José Coutinho de Souza, o Fura, de 58 anos.

Meio-campista Guguinha é o atual presidente do Esporte Clube Olímpico. (Foto: Diego Ortiz)

Afinidades e união nas dificuldades: os segredos

Os segredos para 37 anos consecutivos em atividade do Olímpico são apontados como paixão, afinidade de ideias, comprometimento e união nas horas delicadas. “O time está em pé, mas já esteve quase à beira de parar. É uma luta”, ressalta Fura.

Em momentos delicados da história, os líderes se uniram e não deixaram o Olímpico morrer, como na época da sede na Cachoeirinha. “Chegamos a um momento de realmente desanimar, iam nove jogadores”, recorda Palito.

Em alguns casos é necessário sacrifício financeiro, com união de aportes. As sedes do Olímpico são alugadas. Há cerca de um ano e meio, o clube manda suas partidas na Pedreira Santo Antonio. Na fundação, os amistosos ocorriam na antiga chácara do Irmãos Davoli, onde hoje funciona a Bufallo Grill. Depois, a sede foi para a Piteiras I, Mogi Guaçu e Cachoeirinha, onde ficou por mais de 10 anos. Posteriormente, funcionou no Horto Florestal, antes de chegar à Associação dos Amigos do Banco do Brasil (AABB), onde ficou uma década, até sair por divergências com a associação. Já houve o sonho de ter um local próprio, mas é considerado inviável.

Para manter o grupo coeso, o Olímpico busca eliminar pessoas sem comprometimento. Há casos de punição por indisciplina, até com carta de exclusão. Embora não tenha CNPJ, o Olímpico tem um estatuto, formulado em 1996.
Desde o início, o Olímpico tem no mínimo dois quadros e estima-se que mais de 120 atletas já atuaram no clube.

Hoje são cerca de 70. Aos sábados, há 2 jogos na sequência, contra adversários que também têm 2 quadros. Um terceiro time, montado, há cerca de 10 anos para resgatar atletas que estavam parados, joga no domingo de manhã.

Fura foi histórico goleiro do Esporte Clube Olímpico e hoje agenda jogos. (Foto: Diego Ortiz)

Cada time tem uma comissão. Os que pararam de jogar, como Adélcio, Palito e Fura, contribuem na escalação e organização. Uma mulher de Campinas é remunerada para montar o calendário de times da região. Fura é o responsável pela agenda do Olímpico, ainda feita com papel e caneta. Em dezembro, já há o calendário de jogos do ano seguinte, com espaços livres estratégicos. O WhatsApp, hoje, ajuda no agendamento e confirmação de atletas.

Nomes

Grandes nomes do futebol amador e profissional já passaram pelo Olímpico. Atualmente há nomes como Gigio, Neneca e Kanu. Outros foram Adilson, Valmir, Dadi, Wagninho e Du Cavalo. Robinho, do Cruzeiro, Willian Magrão, ex-Grêmio, José Carlos Serrão, ex-São Paulo, e Ederson, Oscarzinho e Leto, ex-Mogi Mirim, já atuaram no Olímpico, assim como Cleber e César Sampaio, ex-Palmeiras.

Engana Samba era atração no antigo Bar do Carlinhos

Entre as décadas de 80 e 90, jogadores saíam dos jogos e iam se encontrar no histórico e extinto Bar do Carlinhos, antigamente localizado ao lado do Posto do Ary. Os atletas aproveitavam para fazer uma roda de samba. O time acabou conhecido como equipe do Centro, dos atletas que curtiam samba. Até hoje, há adeptos do ritmo. “A turma não via a hora da gente chegar no bar”, lembra Palito.

Palito lembra com saudades do período: “época de ouro”. (Foto: Diego Ortiz)

A festa era mais completa quando o adversário era o SPC (Samba, Pagode e Cerveja), de Campinas. “Eles traziam as mulatas, dançavam tudo aí”, lembra Adélcio. “Foi uma época de ouro. Modéstia à parte, fomos precursores de um monte de grupo de samba que rolou. O apelido nosso de brincadeira era o Engana Samba”, lembra o aposentado Edson Luiz Bendassolli, o Palito, de 55 anos.

Mensalidade, patrocínios e eventos: fontes de receita

A principal fonte de receita do Olímpico é a mensalidade dos jogadores, que varia entre R$ 30 a R$ 40 de acordo com o quadro. Há gastos com uniformes, aluguel do campo, bola e remédios. Outras receitas vêm de patrocínios e eventos. Os patrocínios ainda servem para realizar festas, uniformes de jogo, agasalhos e roupas sociais.

Na memória, estão eventos históricos. Em 1997, um baile no Clube Mogiano reuniu 800 pessoas de diferentes cidades, entre atletas e familiares, com homenagem a veteranos do Olímpico. Amizades pelo Estado são cultivadas graças ao time e contribuem até em negócios.

Desta forma, os encontros transcendem o futebol, ajudando a preencher a alma e a vida dos integrantes.

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