Fundo do poço. Esse pode ser o resumo sobre a atual situação do Núcleo Integrado de Atividades Sociais (Nias) Vereador Antonio Carlos Guarnieri, “Toca”, no bairro Mogi Mirim II, zona Leste da cidade. Prestes a completar sete anos de vida, após sua inauguração, em maio de 2012, o centro esportivo está completamente abandonado. A área verde não pode mais ser chamada de campo, já que foi tomada pelo mato alto. A área está sem alambrado, e com portaria e vestiários completamente destruídos. A pista de atletismo ainda sobrevive, mas vive cercada pela sujeira, grama e um cenário que lembra uma floresta.
Para piorar a situação, a Prefeitura admite serem necessários cerca de R$ 300 mil para a reforma da área, e que não existe nenhum projeto para recuperar o Nias. A solução passaria por um aporte financeiro vindo de uma parceria público-privada, possibilidade improvável do ponto de vista do retorno da marca e em tempos de crise financeira.
O curioso é que a área, palco de inúmeras pautas de O POPULAR, parece piorar a cada vez que a reportagem retorna ao local. Na manhã de ontem, O POPULAR esteve mais uma vez no Nias e constatou que quase todo o alambrado que cerca a área não se encontra mais instalado, fazendo com que qualquer pessoa possa entrar ali. O mato alto toma conta de todo o complexo, cujo o campo de futebol não possui mais nem as traves dos dois gols.
Existem falhas e imperfeições por toda a área. As arquibancadas estão sujas e pichadas e andando pelo local, pode-se perceber, além de sujeira, como garrafas plásticas sacolas, isopor e restos de entulho, tubetes de cocaína. No ano passado, até um cavalo pastava pela área, em sinal de completo abandono.
O corpo de Robert Luan Augusto, de 17 anos, desaparecido em 19 de fevereiro do ano passado, foi encontrado cinco dias depois, carbonizado e enterrado em uma área do complexo, mostrando o total descompromisso.
Sobrevivente
Por incrível que pareça, mesmo diante da precariedade, ainda existe quem opta por praticar algum tipo de atividades física no “núcleo esportivo”. Rafael Moreira Soares, morador do Jardim Europa, vizinho ao Nias, caminhava no que restou na pista de atletismo. Solitário, parecia tentar ignorar o desleixo com a área. “Entristece muito, eu vinha jogar bola quando abriu, mas hoje não dá para fazer quase nada. É um desperdício muito grande”, disse ele, que vai ao local duas vezes por semana.
O abandono por parte do Poder Público é motivo de tristeza. “Aqui (zona Leste), não tem o Zerão, só o Nias mesmo, é o único lugar, não temos opção. Falta muita atenção (por parte do Poder Público)”, lamentou.
Sem dinheiro e sem projeto, só PPP pode salvar o Nias
Procurada, a Administração Municipal admitiu que busca parceria público-privada para promover a revitalização do local, e que segundo a Secretaria de Governo, seria necessário um investimento de pelo menos R$ 300 mil para transformar o Nias outra vez em um complexo esportivo, com a manutenção de toda a área, hoje sem nenhuma atividade.
“Dessa forma, a parceria público-privada permitiria a concessão do espaço por tempo determinado para interessados que poderiam explorá-lo com algum tipo de atividade comercial, como lanchonete, e garantir que o núcleo permanecesse em condições de atender a população”, afirmou a Prefeitura.
Sobre a limpeza do Nias, o Executivo disse que há iniciativas da Secretaria de Serviços Municipais em promover a limpeza da área nos próximos meses, assim que a equipe retornar ao eixo da zona Leste. Não existem recursos previstos no orçamento municipal para a obra de revitalização.