Não sei se já falei por aqui, mas temos três bichinhos de estimação: o Nicolau, que é um cachorro já senhor, o Reginaldo, um gato que escolheu viver conosco há dois anos, e a recém-chegada Catarina, uma gata. Desfrutamos do privilégio de morar numa rua sem saída para carros, culminando num bosque com grama e árvores.
Por conta disso, os felinos podem entrar e sair quando quiserem. A Catarina é bem manhosa e quase não fica longe, nós literalmente tropeçamos nela o dia inteiro. Já o Reginaldo, como chegou mais velho e com traumas de rua, é um pouco mais reservado, mas ainda assim tem uma rotina definida. E ela me faz pensar que ele tem um segundo dono, um lugarzinho onde vai receber carinho e volta.
Minhas suspeitas ocorrem pelo fato de voltar cheiroso, com perfume que não é de ninguém de casa. E também porque já o vi entrando e saindo do mesmo lugar várias vezes. E isso me alegra, sempre gargalhamos quando pegamos ele no colo e percebemos o aroma! Sou boa em dividir quem eu amo para que mais pessoas tenham o privilégio de amar também!
Isso vale para todo mundo: pai, mãe, irmão, marido, filhos e até mesmo animais. Como cada pessoa é uma, cada jeito de amar também e isso multiplica o universo de possibilidades e descobertas. O outro motivo é que traz paz saber que quando não posso estar presente, tem alguém que está.
Já aconteceu algumas vezes, em maior quantidade quando a Gabi e o Neto eram pequenos, de eu não ter a menor afinidade com uma pessoa, beirando a antipatia, mas ela ser especial para eles. Não combinava comigo, mas combinava com eles. E, se você quer ganhar uma mãe, seja bom para o filho dela.
Não consigo ver um só prejuízo neste tipo de relação compartilhada. Quando vamos viajar e não podemos levar o Nicolau, peço para minha vizinha colocar comida e água, mas ela vai mais longe, leva ele para passear, faz até mais do que conseguimos no dia a dia.
Além disso, sempre que chega e ele está no quintal, ela leva um petisco, que, por sinal, tiveram a delicadeza de comprar natural e livre de conservantes depois que o bichinho andou doente. O resultado é que quando ouve o barulho do carro dela, as orelhas já ficam de pé e o rabinho abanando, assim como quando vê um de nós de casa. Cada vez que acontece, tenho um daqueles momentos especiais em que só consigo pensar: obrigada, Deus.
Graças a este tipo de relação, quando estou longe me permito viver aquela outra vida. Tenho tanta confiança de que as coisas vão acontecer da melhor forma que até sinto saudades, mas não preocupação. A vida é boa e a maioria das pessoas, acredite, ainda são do bem. Tudo depende de treino, de onde estamos interessados em depositar nosso olhar. Eu escolho o amor que se multiplica.