Quando vejo tantas igrejas falando sobre Jesus, me assusto porque muitas delas insistem em apresentar uma mensagem moralista como sendo a de Jesus. Entendo que esses moralismos “pseudoevangélicos” não colaboram conosco no sentido de nos ajudar a entender a mensagem – o evangelho – de Jesus, pelo contrário, geram conflitos em muitas dimensões da vida humana: igrejas que se afrontam, ideologias sociais que se chocam, valores políticos que desgraçam a nação… quando olho para o Jesus bíblico não o vejo como um professor de moral, mas de ética: não encontro em sua mensagem a moral que escraviza, mas a ética que liberta.
O plano de Deus revelado por Jesus é o plano da ética: vemos que o divino mestre, inúmeras vezes, foi contra o conceito moral de sua época ao contrariar o que a maioria pensava. Sua ética, libertadora, acontecia contra a maioria: perdoou uma prostituta que seria apedrejada por adultério; na casa de Simão permitiu aos seus pés a mulher da vida e, na cruz, perdoou um dos ladrões. A ética de Jesus, portanto a ética cristã, é o que faz sentido à vida, ela é como que um telhado protetor sobre o qual boas coisas acontecem. Olhando para o Evangelho de Cristo não encontramos nada de moral, apenas ética. Jesus não dá um só conselho moral nos evangelhos, pelo contrário. Seus conselhos têm a ver com ética na preservação da vida e não da opinião pública. A preocupação de Jesus é com o indivíduo!
Analisando o milagre de Maria ter ficado grávida de Deus, quando o Pai, sob nossa limitada ótica humana, viola a cartorialidade e a legalidade de nossas regras morais, ao engravidar uma mulher que já estava comprometida com José, entendemos que a mente divina é ética e não moral. Ali, o Pai já nos ensinava a trabalharmos os conflitos com sua graça e a sermos éticos com o que cremos. A palavra conflito vem do latim CONFLICTUS, particípio passado de CONFLIGERE, literalmente “bater junto, estar em desavença”. Não nos ataquemos através de nossos conflitos impondo regras morais que geram desavenças, mas sejamos éticos porque todos os dias dizemos: “…e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores…”. Que sua semana seja cheia da ética que o perdão nos traz. Paz profunda!
Dom Pedro Paulo Teixeira Roque
Bispo Coadjutor de Jundiaí, SP – ICAB.
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