sábado, novembro 23, 2024
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Fred relembra estripulias e vida divertida na Tunísia

Ex-profissional, Frederico Heyden Bellotti, o Fred, relembra episódios na Tunísia, África, treinando no Monastir.

Boteco – Como você chegou ao futebol da Tunísia?

Fred – Três empresários me levaram: Paulo Richards, Henrique Lanhelas e o Roberto Silva. Só que eu cheguei, já tinha três estrangeiros no time. E falaram que eu poderia ficar nos juniores, ganhando US$ 3 mil. Só que acabou não dando certo.

Boteco – Muitas curiosidades?

Fred – Fiquei num hotel cinco estrelas. Eu cheguei e sentei com o Delson, brasileiro, o melhor amigo que eu fiz. Aí chegou o Clayton, da seleção tunisiana, que era do Maranhão, com um Audi TT e uma corrente de ouro, que o presidente tinha acabado de dar. Lá se eu gosto de você, não te pago cerveja, eles dão ouro. O presidente do clube que ele jogava era o presidente do país, deposto agora. Meu time era um clube praiano, perto de Tunis (capital). Uma história legal é que tinha um nigeriano, o cara deve ter ido com US$ 200 e começou a ligar para Nigéria do telefone, na época de ficha. Ele começou a ligar, ligar e em um dia acabou o dinheiro. O cara toda hora que me encontrava, falava: “tem dinar?”. Tive que fugir desse cara. Toda hora, pedia 10 dinars, que era o dinheiro. A hora que eu via ele, eu pensava: “lá vem o golpe”.

Boteco – Você teve que se adaptar à cultura muçulmana?

Fred – Eu respeitava, mas na verdade eu morava em um hotel que era só de estrangeiros (risos).

Boteco – Aí era mais liberal?

Fred – Totalmente liberal, topless (risos).

Boteco – Bebida liberada?

Fred – No hotel sim, no país, não.

Boteco – Era como se fosse um resort?

Fred – Sim, porque o fundo dava pro Mar Mediterrâneo. Uma nadada ali eu estava na Europa (risos). E o engraçado é que não tem mulher na rua. No café, não tem bebida alcoólica, os caras só tomam café e fumam cigarro.

Fred curtiu a vida no período em que treinou no Monastir, da Tunísia. (Foto: Arquivo pessoal)
Fred curtiu a vida no período em que treinou no Monastir, da Tunísia. (Foto: Arquivo pessoal)

Boteco – Dava para aproveitar o mar?

Fred – Nunca entrei, tinha uma p… piscina no hotel, umas européias, italianas com peitinho de fora (risos).

Boteco – E em qual idioma você se comunicava?

Fred – Uma vez o presidente foi dar uma preleção em árabe, bem árabe mesmo. Eu e o brasileiro, com muita vontade de rir. Daí no fim, todo mundo saiu, eu falei pro brasileiro: “faz o que o cara pediu, aí” (risos).

Boteco – E pra vocês não tinha intérprete?

Fred – Nada, era tudo na raça.

Boteco – O técnico era de qual nacionalidade?

Fred – Era tunisiano. Muitos falam francês. O técnico falava em árabe pros outros e em francês pros brasileiros. E o engraçado é que eu fui duas vezes reprimido. Uma vez fui tomar banho, comecei a dar toalhada nos caras. Fiquei pelado e todos de cueca. Aí o presidente entrou no estádio. Igual no Brasil, se dá toalhada, tapa na cabeça, brincando. Fui fazer com os muçulmanos, aí o presidente falou: fala pro cara parar de zuar que os caras não gostam. Eu fiquei sem graça.

Boteco – Foi duas vezes reprimido?

Fred – E uma vez que estava eu e o cara. Eu pensei: ele vai tocar para eu fazer o gol. Não tocou e chutou por cima. Eu fiz gesto com a mão reclamando. Aí o presidente pediu para eu parar com gesto (risos).

Boteco – Fred retorna para relembrar as loucuras no retorno ao Brasil, com direito a um acidente cinematográfico rumo ao aeroporto, e revelar como conseguiu se livrar da abordagem de um agente federal com um “presentinho”.

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