As ruas se expressam, mas quase ninguém vê. Veem aqueles que prestam atenção aos detalhes e que em meio ao trânsito, ao corre-corre do dia a dia, enxergam as variadas mensagens deixadas nos muros de Mogi Mirim e Mogi Guaçu, e em tantas outras cidades do mundo. São expressões coloridas ou em preto e branco que tratam desde desabafos até palavras de ordem, amor e protestos. Muitas vezes feitas sem autorização dos proprietários, as mensagens estampam os muros e classificam-se em diversos tipos de linguagens.
Existem as pichações, que são as mensagens deixadas nos muros, em sua maioria protestos, feitas com tinta spray, assim como existem também os grafittis, que são os desenhos coloridos nas paredes que são utilizadas como grandes telas. Nessa linha há modalidades como “bomb” (com letras mais arredondadas), “throw up” (desenhos mais rápidos sem preenchimento de cor), “grapixo” (pichação com sombra e contorno) e existem também as mensagens deixadas por meio do estêncil, técnica que mescla papel ou acetato recortado e tintas para aplicação, etc. “Todas as frases e nomes escritos são pichações. A pichação pode ser considerada como ‘arte subversiva’ dentro desse movimento de intervenção urbana. Mas a divisão entre arte ou vandalismo é algo muito subjetivo”, disse o publicitário que por muito tempo fez graffiti, Gustavo Cavalcante, ao analisar os movimentos artísticos pós-modernos.
“Tem gente que canta rap, dança, faz teatro. Quem faz arte nas ruas são pessoas com ideologia e que também querem se manifestar, mostrar para a sociedade que estão vendo o que está acontecendo”, disse o grafiteiro Dênis Jesus Souza, que há seis anos faz grafitti e que também é estudante de Direito. Enquanto profissional Dênis sabe quais são as consequências da pichação “pichação gera detenção de três meses a um ano e multa de acordo com a lei, alterada em 2011”. Antes, o grafitti também era incluído na lei e considerado crime, mas com a atualização a situação mudou, porém, sem autorização do proprietário do espaço desenhos nos muros também são ilegais e podem gerar consequências.
No entanto, mesmo sendo considerado crime em alguns casos, as mensagens estão nos muros, falando com quem quer e com quem não quer ver.
Outros muros
Navegando na internet é possível ver diversas mídias que já realizaram trabalho como este e registraram as falas das ruas em diversas partes do mundo. Se você quiser conferir sites que já registraram mensagens como as que estão presentes nas paredes de Mogi Mirim e Mogi Guaçu, acesse as seguintes páginas:
www.hypeness.com.br/2012/09/projeto-brasileiro-mostra-o-que-as-ruas-falam
http://olheosmuros.tumblr.com/
http://dan.art.br/FONTES-URBANAS