No último capítulo de seu bate-papo no Boteco, Fábio Luciano recorda a relação com Capone no Corinthians e, com a experiência de clássicos paulistas, gaúchos e cariocas, revela qual considera a maior rivalidade brasileira.
Boteco – Como era a parceria com o Capone?
Fábio – A gente se conheceu no Corinthians, fomos campeões paulista juntos. É um cara que eu tenho o maior carinho, tanto que eu vim no futevôlei (evento realizado em março) meio por ele. Quando falaram que ia ter o evento, eu falei: “deixa pra lá, vou ficar em casa”. Aí quando o pessoal falou que ia ser na chácara dele, falei: “então vamos, eu quero dar um abraço”. A passagem dele foi curta no Corinthians, a gente disputava meio posição, jogou alguns jogos de volante, lateral, mas veio para jogar na zaga. E o Capone orientava muito a gente, porque às vezes a gente fazia alguma coisa no treino jogando contra, porque tem cara que é assim: o cara tá errando, deixa errar, porque eu vou jogar. O Capone era o contrário. “Tenta falar pro Anderson (zagueiro) fazer aquilo que vai ficar mais fácil”.
Boteco – Alguma história marcante dele?
Fábio – A história engraçada é que ele tinha uma caminhonete grande e acho que vinha de Mogi para treinar, então sempre chegava com uma caminhonete que tinha umas cortinas que fechavam o vidro. Toda vez que ele chegava eu provocava: “pô, Capone, você veio com esse ônibus, cara”. Ele dormia na caminhonete. A gente treinava de manhã, como a gente morava em São Paulo, voltava para casa e depois pro treino da tarde. Ele como vinha muitas vezes dormir em Mogi, ficava no carro mesmo, a gente sacaneava muito, bater no vidro, chegar mais cedo no treino para sacanear ele. Mas é um cara que tenho muita consideração. Eu joguei na Turquia, no Fenerbahce, ele no Galatasaray. As pessoas têm muito carinho por ele lá. O turco é legal por isso. A rivalidade, a maior que existe no mundo é lá. Só que mesmo o torcedor do Fenerbahce respeita o que teve sucesso no Galatasaray.
Boteco – Muitos clássicos marcantes?
Fábio – Ah sim, tive bastante jogo marcante. A rivalidade é muito grande. Quando tem algum problema, não pode torcida rival. Eu cheguei a ter jogos da torcida do Fenerbahce comprar ingresso do espaço do Besiktas, que é outro rival de Istambul. Comprar 15 mil ingressos do espaço reservado para a outra torcida e no meio do jogo tirar a camisa do Fenerbahce. Uma torcida junto da outra, mas sem a polícia estar sabendo. Da torcida do Fenerbahce comprar ingresso do jogo do Galatasaray da Champions League, tipo 40 mil ingressos, eles comprarem 15.
Boteco – No Brasil qual você considera a maior rivalidade?
Fábio – Eu acho que é muito parecido, um derby Guarani e Ponte, por ser uma cidade menor e ter só os dois clubes, quando tem um confronto aquilo mexe com a cidade pelo ano todo. Corinthians x Palmeiras, Flamengo x Vasco, Fla x Flu, joguei Grenal que passei pelo Inter, mas acho que o pior de todos é Ponte x Guarani, mais rivalidade, porque não tem muitos jogos, de repente é um jogo no ano que tinha, aquilo mexe no ano todo, se você perdia um derby sei lá no Paulista aquilo refletia lá em dezembro. Agora Fla x Flu não, porque ganha ou perde, tem depois um Flamengo x Vasco, joga com o Fluminense umas cinco vezes ao ano.
Boteco – Valeu Fábio!