Na política é difícil imaginar um entendimento entre os que apoiam um candidato ou um governo, seja ele a nível municipal, estadual ou federal, e outros que vão contra os que estão no poder. A eterna disputa entre situação e oposição vem ganhando cada vez mais destaque no país, sobretudo nos dias de hoje, onde o atual governo, liderado pelo Partido dos Trabalhadores, enfrenta resistência de todas as partes e se agarra apenas a alguns fieis escudeiros para continuar sua sobrevida no poder. O agravante é que essa disputa vem perdendo a classe, com ataques verbais e um baixo nível que preocupa. Exemplo disso pôde ser acompanhado em rede nacional no último dia 13, na votação da Câmara dos Deputados, que autorizou o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Bastava algum deputado se encaminhar para declarar seu voto a favor de Dilma que ironias, gritos e até xingos poderiam ser vistos e ouvidos.
O trabalho da oposição pauta-se na fiscalização de qualquer Administração Pública, visando o bem comum da população. Bem feito, inteligente e sem pretensão pessoal, pode muito bem servir de parâmetro e como base para a situação melhorar o que precisa ser melhorado. O difícil é que hoje em dia essa análise é cada vez mais difícil. A impressão é que oposição e situação têm dificuldades até para permanecer no mesmo ambiente, com ambos os lados trocando acusações, ofensas e críticas.
Em Mogi Mirim, parte deste clima visto no cenário nacional é presenciada em determinadas situações na Câmara Municipal. Um destes momentos que, se não mostrou ódio, mas sim descontentamento, foi quando a vereadora Maria Helena Scudeler de Barros, ao ter a palavra, na última sessão dos vereadores, acusou a situação de ser a responsável pela aprovação da lei que autoriza a Prefeitura a conceder o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae) à iniciativa privada, o que de fato está correto. Ao citar nominalmente os vereadores, ouviu uma série de reclamações, presenciou rostos nem um pouco felizes e foi contra-atacada.
Vem se tornando habitual na Câmara, nos últimos meses, vereadores da situação irem contra projetos de Stupp, em atitude correta devido à má formulação das propostas, e atacarem o prefeito.
A impressão é que poucos sustentam a decisão tomada lá atrás. Parece que existe uma vontade de desvincular a imagem do prefeito, como se isso fosse possível. O que foi escrito não será mais apagado. Os vereadores descontentes com seus nomes expostos, o que torna a repercussão mais do que ruim diante da população, precisavam se posicionar e explicar o motivo por cada voto. Não se deve votar a favor de si próprio, mas sim com convicção naquilo que acredita ser o melhor para o município. É preciso pensar mais antes de embarcar na onda de oposição ou situação. O voto é para a vida toda. Cara feia depois não resolve nada.