Entre a antepenúltima década do século XIX e a primeira do século XX, Mogi Mirim sofreu, no mínimo, três perdas substanciais e que abalaram seu desenvolvimento, comprometendo bastante a caminhada rumo ao progresso. Tudo aconteceu (ou não aconteceu) por motivos políticos e infeliz falta de visão. Vamos aos fatos históricos:
Oficinas da Companhia Mogiana
Visto que a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro nasceu em Mogi Mirim, nada mais justo que aqui fosse instalada a sua grande oficina de manutenção e construção de vagões e locomotivas. O projeto previa a criação de centenas de empregos nas oficinas e outras centenas na construção dos galpões e casas. A instalação em nossa cidade traria reflexos imediatos no seu progresso, com grande surto desenvolvimentista a partir daquele ano de 1874.
Mas o projeto acabou emperrando devido à burocracia política. Enquanto os vereadores dos partidos Liberal e Conservador discutiam sobre as vantagens e as imaginárias desvantagens para a cidade, a diretoria da Cia. Mogiana acabou perdendo a paciência e instalou as oficinas em Campinas, onde se constituiu num formidável complexo industrial para a época, dando àquela cidade os benefícios progressistas que estavam inicialmente reservados para Mogi Mirim!
Colégio Mackenzie
Por volta de 1880, os administradores mogimirianos foram procurados por representantes de um estabelecimento educacional que pretendia se fixar em nossa cidade. Eram ingleses e foram barrados em suas pretensões por um motivo apenas: a religião que professavam. Os dirigentes e o colégio faziam parte da religião protestante (hoje, denominada evangélica). Os vereadores julgaram ser temerária a instalação dessa escola em Mogi Mirim, onde praticamente toda a população era católica e, assim sendo, carreiras políticas poderiam sofrer abalos no prestígio junto aos eleitores e mogimirianos em geral. Foi recusada a vinda do colégio e que acabou se instalando na capital paulista, onde hoje tem o nome de Instituto Mackenzie!
Escola Agrícola
Em 21 de setembro de 1906, o jornal O Mogiano escrevia sobre a criação de Escola Agrícola em Mogi Mirim, assunto que estava em estudo, mas que havia sido abandonado repentinamente. Dizia aquele jornal: “Não há localidade no Estado de São Paulo mais apropriada para receber a honra de ser a sede de tão importante estabelecimento”. E acrescentava: “Já existe na cidade um edifício que custou 100 contos de réis ao governo e que serviria otimamente e, onde, segundo os planos, seria fundado um núcleo colonial sob a feição de uma cooperativa agrícola!”. Finalizando, o jornal criticava nossas autoridades municipais por não lutarem pelo progresso de Mogi Mirim.
E os redatores do jornal O Mogiano estavam com a razão, pois devido ao descaso de nossos homens públicos, a Escola Agrícola acabou indo para outro município. Se não nos enganamos, Pinhal. Mais uma perda para Mogi Mirim! Coisas da política e da falta de visão.
Túnel do Tempo: Em 19 de março de 1942, a Matriz de São José teve colocada a imagem do padroeiro São José entre as duas torres. Embora inacabada, a Matriz foi inaugurada nesse dia. Até o dia 18 de março, a Igreja do Carmo funcionou como Matriz.
Preceitos Bíblicos: “O amor é paciente, o amor é prestativo. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. (1 Cor 13, 4-7).
Legenda da Foto: Em junho de 1929, o Cine Teatro São José apresentou, além de sessão cinematográfica, um ato variado no palco e a peça Deus Lhe Pague, com a Companhia Margarida Sper.