Tomar uma condução parece tarefa fácil se for levada em conta a simplicidade de um gesto, quando o usuário levanta uma das mãos e acena para o motorista do ônibus que se aproxima, antes de entrar no veículo e chegar ao seu destino. Pelo visto, é só nesta simples ação que a praticidade para pegar um ônibus circular fica evidenciada não apenas em Mogi Mirim, mas também em diversas partes do país. Antes de levantar as mãos, há todo um panorama caótico encontrado no transporte coletivo brasileiro, onde o conforto e a segurança para o usuário foram deixados de lado. Há muito tempo.
No início da tarde da última quinta-feira, Mogi Mirim ficou estarrecida pela morte de um homem e uma mulher, vítimas da queda de um abrigo de concreto maciço que ficavam em um ponto de ônibus da Rua Ulhôa Cintra, via de intenso movimento e uma das principais da região central.
O cenário, com a rua tomada por equipes do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (SAMU), Bombeiros, Guarda Civil Municipal e Polícia Militar, além de uma multidão de curiosos, mostrava bem os momentos de apreensão e terror vividos naquela tarde. A fatalidade não pode esconder as falhas encontradas em inúmeros pontos de ônibus na cidade, que na verdade não passam de locais de paradas sem a mínima estrutura adequada para quem utiliza o transporte coletivo diariamente.
O assunto não é novo. Basta caminhar por pontos não apenas no Centro, como nos bairros, para se chegar à conclusão que a falta de estrutura é evidente. Mais do que isso, alarmante. Como oferecer à população, que paga seu imposto e espera um serviço de qualidade, abrigos montados em calçadas esburacadas, sujas, ruas estreitas e pontos sem cobertura adequada contra a chuva e sol? Chegar a um ponto e esperar conforto é algo difícil de se imaginar.
Até para sentar. Em horários de pico, com grande concentração, usuários lutam e se espremem por um lugar. Notar concentração de pessoas no outro lado da rua ou em qualquer espaço que exista sombra ou proteção contra chuva, é comum e mostra bem o quanto deficiente é a estrutura desses locais.
Em nota oficial divulgada na tarde de sexta-feira, a Prefeitura informou que existe, desde 2007, um contrato de concessão com uma empresa para a instalação de abrigos em concreto. O trabalho pode até ocorrer, mas passou da hora de oferecer um serviço de maior qualidade à população. Falta estrutura e quem utiliza os ônibus está cansado de aguardar por melhorias. São promessas não cumpridas e um discurso evasivo.
É só conversar com qualquer usuário para se perceber o desânimo e a falta de perspectiva em relação a mudanças. O problema não é de hoje, só piora com o passar dos anos e quem paga o preço é o usuário do transporte coletivo em Mogi Mirim. Tratar o caso apenas como fatalidade e não tomar medidas que evitem novos acidentes não é o melhor caminho a ser seguido.