Quando nossos filhos são pequenos, basta bater uma canseirinha que a primeira coisa que pensamos é não ver a hora que cresçam. A verdade é que tem dias que eu daria tudo para que minha grande preocupação fosse trocar a fralda suja. Bate aquela saudade de ter todo mundo de pijama na cama às 22h enquanto agradeço a Deus pelo dia e desmaio para recuperar a energia para o seguinte.
E olha que considero a vida muito boa. Nada de drogas, sem grandes porres, extremamente respeitosos com as pessoas, mas, não tê-los sempre ao alcance das mãos, por vezes, é cruel. E aí chegam os agregados e o bololô só cresce. Não tem como não guardar no coração alguém que passa a fazer parte da sua vida, que você passa a considerar até no sabor do sorvete de domingo. Torce pelo vestibular, pelo primeiro emprego, pede para não correr… se importa.
E, assim, cada vez mais aumentamos os laços com o que importa. Multiplica o número de pessoa com quem nos tornamos vodus do bem: ele se espeta lá e nós sentimos aqui. Por mais que os acontecimentos não ocorram na mesma casa, pensando no conselho bíblico, quase sempre é impossível não se importar, para o bem ou para o mal. Pode até ser que não caiba agir, mas o pensamento sempre teima em te levar até lá.
Esses dias meu sobrinho Noah nasceu. Estávamos ansiosos e longe. Não havia nada que pudéssemos fazer além da espera. Assim que a primeira foto dele chegou no grupo do WhatsApp, acompanhada de um áudio com um choro estridente de quem tem um pulmão bem forte, não houve quem não se emocionasse daqui.
Eu já vi família inteira unida para pagar a faculdade. Já fui numa festa que não conhecia ninguém só para levar minha irmã. Meu irmão, na época solteiro e sem filhos, já acordou num sábado bem cedo e subiu num ônibus escolar para acompanhar a Gabi numa corrida de atletismo. Família é laço. A gente briga, é capaz de fazer uma lista de defeitos enquanto cita duas ou três qualidades, mas está sempre ali, nem que o sempre seja uma oração sincera.
