O velho clichê de “torcedor até a morte” se encaixou bem na história de Hermes Fernandes Corrêa, fanático pelo Mogi Mirim, que faleceu na segunda-feira, aos 67 anos, um dia depois de seu aniversário, na Santa Casa de São Paulo, por falência múltipla de órgãos. O velório ocorreu na quarta-feira, com a bandeira do Mogi Mirim cobrindo o caixão.
A paixão pelo Mogi Mirim contribuiu para a morte, considera a esposa Velândia Corrêa. Isso porque, mesmo com febre, Hermes, que era cadeirante, foi até a Câmara Municipal, em noite fria, em discussão da situação da crise do clube, voltando depois em condições piores, o que o fez ter que ser internado na Santa Casa de Mogi Mirim no dia seguinte, indo depois para São Paulo, onde morreu. A esposa tentou impedi-lo de ir à Câmara, sem sucesso. “Ele era cabeça-dura, teimoso”, conta Velândia.
Hermes foi o torcedor responsável por comandar um abaixo-assinado levado ao Ministério Público na tentativa de preservar o patrimônio do clube, alegando investimentos antigos da Prefeitura na agremiação, o que motivou a instauração de um inquérito civil, arquivado pelo promotor Rogério Filócomo Júnior. A promotoria entendeu que os investimentos, da década de 80, já estavam prescritos e não podiam ser discutidos na atual realidade. “Ninguém acreditou que ele ia conseguir fazer o que fez, chamar a atenção do poder público para o patrimônio do Mogi”, comenta.
Com o arquivamento, Hermes, aproveitando uma ida a São Paulo para exames médicos, em maio, procurou o Ministério Público de São Paulo para tentar reabrir o caso, mas quando voltou, estourou a notícia em Mogi de que Rivaldo já era o novo proprietário dos Centros de Treinamento do clube.
Na época de Wilson Barros, quando havia ainda poucas arquibancadas, Zelândia conta que o ex-presidente dizia para Hermes entrar com o carro para ver o jogo. Depois que não podia andar mais de muletas, Hermes pegava um táxi e ia até certo ponto para depois descer de cadeira de rodas. Nos últimos tempos, Hermes havia deixado de ir ao estádio. Mas no ano passado, chegou a ir a alguns jogos. “Ele era um apaixonado”, lembra a viúva.
Além de torcedor do Mogi, Hermes ficou marcado no esporte da cidade por ter sido o pioneiro na organização do Campeonato Rural, via Sindicato Rural.