O Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol do Estado de São Paulo interditou o Estádio Romildo Vitor Gomes Ferreira, nesta sexta-feira, em função dos atos de racismo de torcedores do Mogi Mirim contra Arouca, após a derrota para o Santos. Segundo comunicado em site da Federação Paulista de Futebol, a interdição será mantida até a decisão final de processo disciplinar instalado para averiguar os fatos.
Na resolução que interditou o estádio, o presidente do Tribunal, Mauro Marcelo de Lima e Silva, justifica a medida por considerar que a forma de agir contra Arouca “macula de forma indelével a disciplina desportiva, macula, igualmente, os princípios básicos de civilidade e humanismo”.
O próximo jogo do Mogi Mirim em casa será diante do Paulista, pela penúltima rodada, no dia 18. O clube garante não cogitar a possibilidade de um outro local para mandar o jogo, pois se concentra em reverter o quadro.
Clube decide recorrer e questiona as ofensas
O Mogi Mirim anunciou que irá recorrer da decisão. O clube reclama ter sido punido sem apresentar nenhuma defesa e questiona se realmente houve as ofensas a Arouca, o que está apurando. “A decisão foi tomada com base em informações divulgadas pela mídia, mas sem nenhuma consistência. Até o próprio jogador declara em nota oficial que não ouviu a ofensa e que foi informado por repórteres”, observou o vice-presidente do Mogi Mirim, Wilson Bonetti.
Na nota oficial, Arouca diz não ter ouvido a expressão macaco, mas escutou uma provocação relacionada à origem africana: “Tenho muito orgulho das minhas origens africanas, que foi o que o sujeito tentou usar para me ofender, dizendo que eu deveria procurar alguma seleção de lá para jogar. Dando a entender que um negro igual a mim não serve para defender a seleção brasileira. Não ouvi os gritos de ‘macaco’ que alguns repórteres disseram ouvir, mas, caso tenha realmente acontecido, é ainda mais triste”.
O dirigente destacou que o Mogi repudia qualquer tipo de agressão física ou moral e sempre primou pela segurança em seu estádio.
Por meio de sua conta no Instagram, o presidente Rivaldo Ferreira disse lamentar caso as manifestações racistas tenham ocorrido e disse ser contra a atitude de pessoas que não respeitam o próximo. Ele disse que o clube busca em filmagens os responsáveis pelos insultos. Entretanto, defendeu o Mogi, dizendo não concordar com uma punição e não poder “controlar a boca dos torcedores”. “Quer dizer que se eu estiver no espaço determinado a um time adversário do Mogi, no estádio deste clube, e ofender um jogador contrário, o time mandante vai ser punido? Não entendo ser este o caminho”, disse Rivaldo, em comunicado divulgado pela assessoria de comunicação do clube.