O fim da Romaria dos Cavaleiros, realizada sempre no início de maio no bairro da Santa Cruz, vem mexendo com os frequentadores e adeptos ao evento. Basta andar pelo bairro para notar que as opiniões são diversas e existe quem concorde, discorde e até não entenda o final da tradicional festa. A reportagem foi à Santa Cruz e pode notar opiniões que vão desde a quebra de uma tradição ao alívio pelo fim da festa.
Em sua edição de quarta-feira, O POPULAR publicou entrevista com o padre da Paróquia de Santa Cruz, Charles Franco Peron, que explicou os motivos do cancelamento. Dentre diversas declarações, o pároco explicou que muitas pessoas iam à Romaria sem o espírito cristão e acabavam tumultuando o evento. Nos últimos anos a festa foi marcada por reclamações de moradores, comerciantes e até dos visitantes por algazarra de parte do público, que muitas vezes abusavam do som alto, consumo de bebidas alcoólicas e baderna.
Rodrigo Manara, do Bar do João Manara, um dos mais tradicionais não só da Santa Cruz, mas de Mogi Mirim, lamenta pelo fim de uma festa que é tradição bem como a movimentação no entorno do bar. O Manara era ponto de encontro para de inúmeros cavaleiros que ficavam ali tomando uma cerveja, refrigerante e comendo um lanche. “Eu acho que é ruim (o cancelamento), o movimento no comércio é bom, vem todo o pessoal de fora, que já conhece o nosso serviço. 31 anos que estou aqui e vamos ficar sem”, justificou.
“Graças a deus acabou, deveria ser extinta há muito tempo. Não é religião, é um grupo de baderneiros que só bagunçavam”, reclamou Paulo Marco de Oliveira, morador do bairro da Santa Cruz desde 1979.
Segundo ele, a porta de sua casa já foi alvo de problemas em muitas edições do evento, com acúmulo de sujeira e que o cancelamento foi a decisão mais sensata.
Perda
O Bar Fernandes, próximo a rotatório da empresa Isma e local de concentração dos cavaleiros antes do desfile de domingo, será outro estabelecimento prejudicado pelo fim da Romaria. “Não tenho nada contra o cancelamento, a festa é bem organizada, mas vou deixar de ganhar, a turma vinha toda aqui. Será ruim com certeza”, explicou Valderlice Fernandes.
Seu José, que possui uma barraca de sorvetes próxima a Igreja da Santa Cruz, se mostra indiferente ao cancelamento, mas admite que deixará de ganhar um dinheiro extra com a movimentação. “Tem muitos prós e contras, para mim não foi tão ruim, porque já conhecem aqui, mas vou deixar de ganhar um pouco”, contou.
O comerciante relata que em determinado ponto da festa, a bagunça era tanta que chegou a ver cavalos em ruins condições de saúde bem como o consumo e mistura de bebidas.
Morador há muitos anos da Santa Cruz, Gabriel Antonio Bordignon, proprietário do Bar do Bi, acredita que no dia da Romaria inúmeros cavaleiros irão até o bairro. “Vai vir um pessoal, vem e vem bastante. Eu acho que será ruim pela tradição que tem, são 48 anos, é a nível regional a festa”, disse.
O cancelamento da Romaria
Após uma reunião entre o padre Charles Franco Peron, representantes da comissão organizadora da festa, Guarda Municipal, Prefeitura e até do conselho de defesa dos animais, ficou definido o cancelamento da festa. “Diante das dificuldades anexadas junto à Romaria, vimos que muitas pessoas iam sem o espírito cristão e acabavam tumultuando os vizinhos e o evento. Chegamos ao consenso que era melhor não fazer”, afirmou o padre à reportagem.
Foi cogitada pelo conselho pastoral da igreja a mudança do horário da Romaria, para as 10h de domingo, hipótese que não foi bem aceita.
Confira abaixo a nota oficial sobre o cancelamento da Romaria.