A falta de conscientização da população ou o desinteresse nos bens coletivos em diversas situações costuma ser um problema nocivo à própria sociedade. O excesso de valorização dos interesses pessoais mesclado ao comodismo e à falta de visão a longo prazo costumam gerar prejuízos difíceis de serem calculados ao ambiente e ao planeta.
Em diversas situações, a valorização do bem coletivo ocorre apenas quando se percebe que o próprio indivíduo será afetado. Ou seja, a união da sociedade se torna uma consequência e não um objetivo enquanto finalidade em si.
O aparente apoio da comunidade para o projeto do prefeito Gustavo Stupp que prevê multas em casos de desperdício de água surpreende e merece ser comemorado. Em vez de pensar nos próprios interesses de uso displicente da água ou se revoltar contra a possibilidade de ser punido com multas, o povo e a comunidade parecem ter acordado para o temor de ver restrito um precioso bem.
Enquete realizada por O POPULAR apontou que 87% da população concorda com a multa em casos de desperdício de água. Na segunda-feira, a Câmara Municipal seguiu o mesmo caminho ao aprovar por unanimidade o projeto. Nem mesmo a oposição se colocou contrariamente à multa. Caso houvesse uma revolta popular, certamente alguns vereadores poderiam se utilizar da bandeira contrária ao projeto, o que não foi o caso.
Por outro lado, vereadores apresentaram quatro emendas interessantes. Léo Zaniboni propõe que o consumidor a ser punido tenha 30 dias para apresentar defesa, com o Saae julgando o recurso, e que se comprovado que a água é proveniente de sistema de reuso, o imóvel fica isento de multa. Robertinho propõe que todo o valor arrecadado com multas seja depositado em fundo específico para ser utilizado exclusivamente para melhorias do sistema de tratamento de água.
Outra de Robertinho quer que a multa venha lançada em anexo à fatura para evitar que o consumidor tenha afetado o direito à defesa se estiver vinculado o valor da punição e da conta de água, pois assim teria que fazer o pagamento integral. Uma emenda de Cinoê Duzzo propõe que os fiscais façam a notificação com comprovação fotográfica.
Já outra de Cinoê quer dar descontos proporcionais entre 5% e 20% para os consumidores que economizarem água. Embora esta emenda possa ter efeito positivo no sentido de motivação, vai contra a ideia de conscientização pelo bem coletivo, pois se prevê uma economia baseada em um benefício individual.
A multa pode ser aplicada apenas em estado de alerta, o que já deve ser decretado, segundo declaração de Gustavo Stupp, que não quer esperar o caos. A julgar pela aparente aceitação da sociedade, a decisão de Stupp deve ser bem aceita, até porque o interesse de todos parece ser o mesmo. Ficar sem água não agrada ninguém.