De volta ao Boteco, a ex-jogadora de vôlei Fofão recorda curiosidades da conquista do ouro olímpico pela seleção nos Jogos de Pequim e do clima vivenciado em Olimpíadas.
Boteco – Como era o clima na Vila Olímpica, com vários esportes reunidos? Alguma história te marcou, algum ídolo de outro esporte que você gostava e viu?
Fofão – Acontece de tudo, a gente mesmo sendo atleta acompanha os outros e sabe que tem jogadores que são melhores do mundo. Na minha primeira Olimpíada, eu consegui ver os jogadores da NBA que eram totalmente, nunca na minha vida imaginaria assim estar próximo, consegui estar perto deles. No refeitório, um dia, sentei, coloquei minha bandeja, daqui a pouco sentou, duas cadeiras do lado, o Carl Lewis, que eu gostava para caramba, que era corredor de atletismo, não conseguia nem comer, você fala: “caramba”. Só que ali na Olimpíada todo mundo é atleta, são os melhores de seu país, mas você tem aquela referência, aquela pessoa talvez que você conheça mais, que tem mais destaque mundialmente, quando vê a pessoa do seu lado, você fala: “nossa, ele está na mesma Olimpíada que eu”. É bem legal, Olimpíada tem esse espírito de interagir com outros países que é bem gostoso.
Boteco – O que te marcou no ouro olímpico?
Fofão – Para mim o que marcou mesmo foi a postura do time desde o primeiro dia que chegou na Vila. Geralmente quando a gente chega, a gente se dispersa muito porque tem muitas coisas para ver, muita gente, você acaba fugindo um pouquinho do foco. E quando a gente chegou lá, não. A gente andava o tempo todo junto, todo mundo cumpria os horários, que é coisa difícil. E foi do começo ao final isso, e me chamou muito a atenção, porque mesmo quem estava indo pela primeira vez para uma Olimpíada estava na mesma evolução da gente. Ali demonstrou que o time realmente foi para ser campeão. Chamou a atenção não só nossa, mas de outros atletas, que depois vieram elogiar, falaram para o Zé Roberto da postura das jogadoras na Vila, como grupo, dava pra ver que o time foi lá com um objetivo. Isso em uma Olimpíada faz muita diferença.
Boteco – Como era a convivência de tantas mulheres, já ouvi que no futebol, os homens da comissão técnica ficam até atordoados de tanto que elas falam. No vôlei também é assim?
Fofão – (risos) É, porque você coloca 12 mulheres no vestiário, é uma loucura. Se fala de tudo, desde o salão onde foi, que não dormiu à noite, uma falação danada, os técnicos ficam só olhando, tem hora que ninguém se entende. Um falando aqui, outro do outro lado, até começar o jogo…
Boteco – Você já fez comentários a respeito da vaidade que atrapalha quando se torna o foco principal. Esse realmente é um problema forte?
Fofão – Acredito que sim, você às vezes tem uma boa equipe, convive em 12 pessoas e existe o lado da vaidade, em que a pessoa quer se cuidar um pouco mais, eu não sou contra isso, a atleta se cuidar, de forma alguma, o que me preocupa às vezes é colocar a beleza em primeiro lugar e depois o esporte. Isso que me preocupa, porque acho que a beleza do atleta é o que ele faz dentro de quadra, a preocupação tem que ser o contrário. Quando essas coisas se invertem, eu começo a ficar preocupada e por isso que coloco essa opinião.
Boteco – Fofão retorna para abordar curiosidades na relação com o marido, como o episódio em que o surpreendeu com uma bomba em plena festa de casamento e a rivalidade no lar por ser uma corintiana casada com um são-paulino.