A sétima edição do Festival de Cinema de Mogi Mirim foi realizada no último final de semana, entre sexta-feira e sábado, com uma série de atividades disponíveis ao público. Além da exibição dos filmes recebidos, que foram escolhidos para as sessões temáticas pela equipe de jurados, houve ainda cine-debate sobre identidade de gênero, palestra, noite de premiação, apresentação de performance teatral com a Vidraça Produções e a temática gentileza, número de circo, mostra do trailler do filme Karsmênia, de Rogério Durante, e a estreia do média-metragem chamado Dezembro & Amor, de Maycon Lenon. Um fim de semana cheio de referência para quem é apreciador da cultura, com toda a programação gratuita, que só aguardava os participantes. Mogi Mirim recebeu, inclusive, uma participante de longe, que veio de Campina Grande, na Paraíba, após saber que seu documentário, chamado Julian, sem A, sem O, havia sido selecionado para participar do evento, posteriormente, sendo escolhido pelo júri popular e premiado.
Fotos: Divulgação.
“Mais uma vez, o Festival de Cinema cumpriu seu papel. Promoveu cinema de curta-metragem e Mogi Mirim como um lugar onde tem esse tipo de evento. Colhemos vários depoimentos e tivemos pessoas que vieram de Paulínia, São Paulo e até da Paraíba e todos falaram que o evento era bem construído e organizado, sendo importante porque o curta-metragem não tem muito mercado. Importante falar que há sete anos atrás não se ouvia falar de cinema em Mogi Mirim, hoje em dia já temos longas produzidos por Mogi Mirim, média-metragens, curtas-metragens e filmes até premiados e que já estão indo para festivais. Acho que nossa micror-região está crescendo, não existia um mercado, e agora existem alguns fazedores de cinema e o Festival de Cinema vem para agregar tudo isso. O público ainda é tímido para esse tipo de situação, mas a cada ano vem crescendo, melhorando e acrescentando”, destacou Luiz Dalbo, um dos idealizadores do Festival de Cinema, e integrante do Vidraça Produções, que lidera o evento na cidade.
Durante a tarde de sexta, os participantes puderam apreciar uma palestra com o ator, professor e mestre em Artes pela Unicamp, Eduardo Bordinhon, que tratou. sobre a História da Atuação no Cinema. Depois, foi a vez das sessões serem iniciadas. Houve sessão às 19h, com exibição de filmes de ficção e documentário, provenientes de São Paulo, Goiânia, Bahia e São Vicente. Às 20h, os filmes eram de Poços de Caldas, Recife, São Paulo e Goiânia. Às 21h, também havia documentário e filmes de ficção de Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro e de Mogi Mirim.
Já no sábado, às 17h, ocorreu uma sessão especial composta apenas por filmes da região em que a cidade está inserida, como obras de Paulínia, São Carlos, Piracicaba e Mogi Guaçu, por exemplo. Antes, às 15h, uma sessão com o tema Identidade de Gênero foi realizada e mediada por Verônica Rodrigues, sendo exibidos filmes com a temática, inclusive, o documentário produzido pela participante que esteve na cidade direto da Paraíba, chamada Mayara Caroline, de 22 anos, que cursa o último período do curso Arte e Mídia, na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). O documentário, que venceu o júri popular, foi o primeiro filme neste formato produzido pela estudante, que vai investir também em temas como feminismo e transtornos psiquiátricos.
O documentário Julian, sem A, sem O trata da vida do músico Julian Sam, colega de Mayara, que é um homem trans e no filme conta sobre seu ‘trabalho‘ no cotidiano e como é do dia a dia de uma pessoa trans. A ideia, segundo Mayara, era mostrar a experiência de uma pessoa trans, mas que fosse contada por ela própria com o objetivo de sair do clichê.
Assim que ficou sabendo que seu documentário havia sido selecionado, Mayara se organizou para chegar até a cidade, a qual ainda não conhecia. Ela se encontrou com seus tios, que moram em São Paulo, e de lá o grupo chegou até Mogi Mirim, conferindo o Festival na sexta e no sábado. “Quando eu vi que o documentário foi selecionado, me organizei para vir, queria ter a experiência de estar com outras pessoas, ver as produções de outros locais, e de mostrar uma história que merece ser contada”, ressaltou.
Para finalizar a noite, foi exibido o filme Dezembro & Amor, do diretor Maycon Lenon, que é de Mogi Guaçu. Foi a estreia oficial do filme, que foi gravado na cidade vizinha e emocionou a plateia.