O vereador Waldemar Marcúrio Filho, o Ney, disse estar tranquilo quanto à decisão anunciada, na segunda-feira, pela Câmara de Recursos do Diretório Nacional que, por unanimidade, manteve-se a favor de sua expulsão do Partido dos Trabalhadores (PT) pelo Diretório Municipal. O Diretório Nacional do PT também requer a cadeira de Ney na Câmara.
Mas, para assegurar o posto no Legislativo até dezembro de 2016, quando chega ao fim seu mandato, o parlamentar protocolou, na quinta-feira, um mandado de segurança na Justiça. “Foi ótima essa expulsão”, afirmou Ney à reportagem, ao garantir que era certo deixar o partido. O vereador já havia mencionado, durante discursos nas sessões na Câmara, que pretendia deixar a sigla e até chegou a protocolar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma petição de saída por perseguição partidária.
Ney ainda não disse a qual partido deve se filiar, mas reforçou que tem recebido vários convites. Ele pretende, primeiro, estudar qual das propostas partidárias se enquadram melhor ao seu perfil. A escolha deve ser anunciada até o começo do próximo mês. Para o vereador, os pedidos de cassação, abertos pelo Diretório Municipal, são motivados pelo fato de seus votos na Câmara serem a favor do prefeito Gustavo Stupp (PDT). “Voto nos projetos que entendo como bons para o município. Nenhum fere ao estatuto do partido”, argumentou.
O vereador apresentou recurso à Instância Nacional alegando que não foi notificado sobre o julgamento do seu processo pela Comissão de Ética do Diretório Estadual e, por isso, foi impedido de apresentar sua defesa. “Ouviram só um lado da história e não tive direito à defesa. Simplesmente fui condenado”. Se perder a cadeira, o nome cogitado para assumir o lugar de Ney é Rosana Caveanha, esposa do ex-presidente do PT, Ernani Gragnanello. “A cadeira é minha e o Ernani não tasca”, disparou o vereador.
Motivos
Segundo o Diretório Nacional do PT, um membro filiado ao partido apresentou 32 representações contra o vereador na instância municipal, dentre as quais destacam-se: o voto favorável à concessão da captação e abastecimento de água no município; a adoção do sistema de parceria público-privada para o sistema de Saneamento Básico da cidade; o fato do vereador responder a processo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), acusado de uso de trabalho escravo em sua empresa; de não respeitar a orientação do partido na eleição para a mesa diretora e por ter vendido um terreno em um loteamento clandestino.
O representante também cita dois boletins de ocorrência registrados entre 2005 e 2006 contra o parlamentar. No ano passado, a expulsão de Ney durou menos de uma semana, após ter conseguido um parecer favorável à sua defesa, emitido pelo Diretório Estadual do partido, que anulou, portanto, a decisão.