O dia 2 de abril é considerado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, um transtorno no cérebro que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, sendo um transtorno permanente, que aparece durante os três anos de vida, afetando a capacidade de pessoas em se comunicar, interagir com os outros e na aprendizagem. Existem vários tipos de autismo, e, em Mogi Mirim, há uma associação focada em cuidados com autistas, que é a Fonte Viva, localizada no bairro Chácara São Marcelo. Hoje, a associação atente 23 jovens, entre crianças e adolescentes.
Os fundadores da Fonte Viva foram os casais Arlete de Lima Michelon e Paulo Cabral Michelon e Maria Conceição Aparecida Kuhl Damaglio e Luis Antônio Damaglio. Arlete, fundadora, hoje atua como diretora e seu esposo, Paulo, também é atuante na associação, realizando diversas tarefas.
A história do casal Arlete e Paulo foi o embrião para o nascimento da Fonte Viva. Arlete relatou ao O POPULAR que, quando tinha 44 anos, ela e seu esposo adotaram um bebê, o Gabriel, que hoje tem 28 anos. O bebê, na época, tinha dois dias e, com o passar do tempo, começou a demonstrar alguns comportamentos que chamavam a atenção dos pais, como o fato de não gostar de cobertas e ficar se debatendo, e não falar muito, apenas quando a mãe insistia.
Dona Arlete disse que dava para notar os comportamentos diferentes, até porque ela observou que é comum uma mãe analisar seus filhos e compará-los naturalmente com as crianças da família e dos vizinhos, por exemplo. Também passou a analisar o comportamento do filho na escola e em relação aos colegas.
O quadro foi se aprofundando quando a sogra de dona Arlete sugeriu que ela assistisse uma entrevista na televisão que tratava sobre o autismo, concedida pelo médico Christian Gauderer. No dia seguinte, a mãe de Gabriel saiu em busca do livro, tentando entender sobre o assunto. Até que, certa vez, conseguiram marcar uma consulta com o médico que analisou o menino por alguns dias, apontando que possivelmente Gabriel poderia ser autista.
De lá para cá, os pais do menino buscaram uma série de locais para dar uma condição de vida melhor para Gabriel, inclusive se mudaram de São Paulo para Mogi Mirim. Por um tempo, recebeu tratamento na Apae da cidade, fez equoterapia e, depois, acabou seguindo para Limeira, onde havia um Centro Especializado Municipal do Autista, o Cema que, na época, era a única instituição especializada em autismo na região. Foi nesses meandros que o casal e Gabriel conheceu Maria Conceição Aparecida Kuhl Damaglio e Luís Antônio Damaglio, que também tinham o filho autista.
Durante vários anos, as famílias seguiam para Limeira. Mas, com tantas dificuldades, as famílias passaram a se organizar com o objetivo de ter uma associação para ofertar cuidados aos autistas. Assim, em 13 de agosto de 2003, foi inaugurada a Associação de Pais e Amigos dos Autistas da Baixa Mogiana Fonte Viva.
Os trabalhos inicialmente eram realizados em Mogi Guaçu e reuniam membros de Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Estiva Gerbi. Depois, devido aos procedimentos governamentais, a Fonte Viva foi transferida para Mogi Mirim e passou a atender somente os alunos da cidade.
Como atua a Fonte Viva?
Hoje, a Fonte Viva recebe recursos da Secretaria da Educação e da Secretaria da Assistência Social de Mogi Mirim.
Os jovens realizam uma série de atividades na Fonte Viva, com objetivos diversos, como superar situações violadoras de direitos, promover acessos a benefícios e apoio às famílias na tarefa de cuidar, diminuindo a sobrecarga de trabalho e utilizando meios de se comunicar e cuidar que visem à autonomia dos envolvidos e não somente cuidados de manutenção. A Associação Fonte Viva também atua visando o desenvolvimento das potencialidades de cada aluno, estimulando-os nas áreas de assistência social, saúde, educação, lazer e integração à sociedade. Tudo com o objetivo de que os atendidos tenham acesso a uma melhor qualidade de vida.
No local, atua uma equipe multidisciplinar, composta por terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, educador físico, psicólogo e pedagogas para atuar com os alunos. Alguns alunos são atendidos no contraturno escolar e outros somente no período da tarde.
Para saber mais sobre o trabalho da Fonte Viva e também se informar melhor sobre o tema, o telefone da associação é o 3804-0062 e o site é http://www.associacaofonteviva.org.