Um dos principais cartões postais da cidade, o Complexo Esportivo José Geraldo Franco Ortiz, o Zerão, sofre com os sintomas do abandono. A extensa área continua sendo bastante frequentada pela população em qualquer hora do dia, seja para passear, praticar atividades físicas ou até mesmo para encontrar amigos.
No entanto, frequentadores ressaltam alguns problemas no local. A dona de casa Adriana Rosa acredita que faltam opções para entreter as crianças. “Aqui não tem nada para os nossos filhos, podia ter um parquinho. Acho que eles aproveitariam mais”, opinou.
Diante da falta de brinquedos, o jeito é usar a Academia ao Ar Livre como distração. Muitas crianças utilizam os equipamentos muitas vezes de forma errada. Somado ao vandalismo, alguns dos objetos estão inutilizados. O que torna-se um problema para o aposentado Claudio Felipini, que esporadicamente se exercita no aparelho que simula uma bicicleta.
“Venho um dia sim um dia não para fazer exercício físico. Precisa melhorar essa situação e colocar um guarda aqui a noite pra não ter vandalismo”, opinou. Além do vandalismo, que destroi lâmpadas e cestos de lixo, jovens se reúnem à noite para beber. Na Praça do Comerciante, ao lado da sede da Associação Comercial, por exemplo, sempre é possível encontrar copos plásticos e garrafas de bebidas alcoólicas.
Isabela Ribeiro da Silva também vai com frequência ao local com os filhos e o marido, o chefe de garçom Raphael Etienne. Ela, que tem poucas ressalvas, disse que o mato alto é o principal problema que vê no Lavapés. Já o marido, acredita que a areia que toma parte do lago é uma situação complicada. “Chega a ser perigoso até, as vezes a pessoa acha que é terra, mas na verdade é água”.
Pesca
Prática comum, a pesca no lago põe alimento na mesa de alguns mogimirianos. Um dos que se alimenta dos peixes é Walter Alves da Silva, que armazenava cerca de 10 em seu cesto. Embora a água seja imprópria, o carpinteiro aposentado não se importa com problemas que isso possa causar em sua saúde. “Nunca me fez mal (comer os peixes)”, justificou.
Residindo próximo ao Lavapés há meio século, Walter acompanha de perto a omissão das autoridades com o local. “Precisa melhorar muito. É muito mato e areia. Sempre foi assim, ninguém tem zelo e a situação continua”, reclamou.
Prefeitura promete atenção
Ciente dos problemas, o secretário de Gestão Ambiental, Valdir Biazotto considera o assoreamento a situação mais grave. “Ainda não finalizei a conversa com o prefeito sobre o desassoreamento, mas nesse ano vamos fazer nos dois lagos”, prometeu.
Segundo ele, a areia que desce juntamente com as águas nos bairros Maria Beatriz e Parque Real se tornou um grande problema devido à falta de manutenção do local. Esse trabalho, que deverá ser objeto de processo licitatório, dura em média dois meses. No ano passado, uma licitação chegou a ser aberta, porém foi cancelada para priorizar a situação da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Planalto.
O segundo passo seria realizar a abertura do canal, próximo à Rodovia SP-147 e colocar uma base no lago menor para que a areia fique armazenada e seja retirada a cada dois ou três meses.
O técnico de Turismo da Prefeitura, Ed Alípio, também busca mudanças para tornar o local mais atrativo. “Nossa ideia é transformar o local em um parque urbano, com sanitários e quiosques. Para isso, estamos pleiteando verbas federais para o pré-projeto que mandamos em setembro”, disse.
Esse esboço deve ser estudado pelos técnicos do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv) e a resposta é aguardada até junho. O projeto demandaria mais de R$ 1 milhão para as obras de iluminação e de infraestrutura.