sexta-feira, novembro 22, 2024
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Fundação Casa pede chance de emprego para internos adolescentes

FUNDAÇÃO CASA (20)
Berenice Gianella, presidente da Fundação Casa, destacou a importância do emprego na continuidade da ressocialização do adolescente infrator. (Foto: Letícia Guimarães)

Após uma fase ruim, na qual três rebeliões ocorreram em menos de um mês, a Fundação Casa de Mogi Mirim agora quer se recompor e conseguir que o trabalho de reeducar os menores infratores seja continuado após a saída dos adolescentes. Para isso, a entidade bateu na porta do comércio mogimiriano para pedir oportunidade para os meninos que já cumpriram as medidas socioeducativas.

Na noite de quinta-feira, na sede da Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm), houve um evento aberto ao público no qual a presidente da Fundação Casa do Estado Berenice Gianella apresentou o perfil dos jovens infratores em âmbito nacional, estadual e de Mogi Mirim, explicando como funciona todo o processo para que os meninos sejam reinseridos na sociedade.

Segundo ela, os internos passam por várias atividades para que possam estar preparados para viver sem cometer delitos no “mundo externo”. “Geralmente, os adolescentes que vão parar na Fundação Casa têm baixa escolaridade, e para que isso não seja um empecilho para a vida profissional futura, tentamos recuperar. Além disso, temos os cursos profissionalizantes que são oferecidos, sempre com relação ao mercado de trabalho oferecido pelo município”, explica.

Segundo a entidade, as duas unidades de internação da Fundação Casa na cidade, Laranjeiras e Mogi Mirim, têm cursos que funcionam em dois módulos: informática básica e depois web designer; informática para comércio que evolui para assistente de vendas de equipamentos de informática; assistente de vendas de informática passando para informática básica.

Já na área de culinária, os meninos aprendem sobre cozinha regional brasileira, culinária básica, chocolateria, os ofícios de chapeiro, doceiro e pizzaiolo. A presidente conta que os meninos recebem toda a capacitação necessária para saírem e já começarem a trabalhar, “mas o depois é muito difícil”, diz ela se referindo ao preconceito que empresários ainda sentem ao se deparar com um menor egresso da Fundação Casa pedindo emprego.

“O empregador tem que saber que esse adolescente que está precisando de trabalho foi avaliado antes de sair, tanto pela equipe da Fundação quanto pelo Judiciário”, afirma.

Para ela, o fato de o jovem conseguir um emprego quando deixa a instituição é menos uma chance que ele tem de entrar para o mundo do crime novamente. Berenice justifica isso explicando que muitas vezes esses adolescentes usam o dinheiro que ganham em atividades ilícitas para sustentar a casa, e às vezes são até incentivados pela família a permanecer no tráfico, por exemplo.

“Para isso, durante todo o período em que o menor passa na Fundação, trabalhamos em ações que envolvam a família também, para que ela esteja preparada para recebê-lo de volta” conta.

Comércio
Apesar de a apresentação ter sido voltada para os associados da Acimm, havia pouquíssimos representantes do comércio ou do setor industrial da cidade. Mesmo assim, Berenice não deixou de pedir apoio à associação para que estimule seus integrantes a cooperar com a entidade.

O pedido feito ao presidente da Acimm, Jorge Barbosa, foi para que ele faça uma ponte entre a Fundação, a área de promoção social da cidade e os comerciantes, organizando uma estrutura para que os interessados possam contratar os meninos egressos. (Letícia Guimarães)

Perfil dos adolescentes

– No Estado de são Paulo existem hoje cerca de 7.600 adolescentes infratores.
– Desse total, 73% estão em regime de internação.
– A maioria dos infratores, 48,2% é do interior do Estado.
– Casa Laranjeiras: existem 54 menores, com idades entre 16 e 20 anos. 27 deles foram apreendidos por tráfico de drogas, 25 por roubo qualificado e dois por descumprimento de mandado. Nesta unidade estão aqueles que já foram detidos outras vezes.
– Casa Mogi Mirim: são 63 adolescentes de 13 a 18 anos, sendo que 41 estão lá por tráfico de drogas, 21 por roubo e um por homicídio. Do total, 56 meninos foram apreendidos pela primeira vez.
– Na unidade de semiliberdade estão 22 meninos de 14 a 19 anos. A maioria, 13 deles, foram detidos por tráfico de drogas, sete por roubo, um por receptação e um por furto.

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