sexta-feira, maio 9, 2025
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Gabriel Pitta relembra a aventura de sua primeira pontuação na ATP

No último capítulo de suas histórias, o ex-tenista profissional, Gabriel Pitta, relembra uma divertida aventura que resultou em uma conquista inesperada e inesquecível, com seu primeiro ponto no ranking da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP).

Boteco – Qual foi sua vitória mais marcante?

Pitta – O primeiro ponto que eu fiz, o primeiro torneio, quando virei realmente profissional, foi quando eu fui pra um torneio grande, em Belo Horizonte. E eu entrei no qualificatório, tinha que ganhar três jogos para ter a chance de ir pra chave principal, na chave principal, eu tinha que ganhar um ponto para daí fazer ponto. Eu já tinha jogado alguns torneios menores e não tinha feito nada, imagina um maior. Eu fui com uma mudinha de roupa, peguei um ônibus, meti minhas raquetinhas, nem fiz mala direito. Pouca expectativa, tive bom resultado e, às vezes, quando você tinha muita expectativa, tem uma responsabilidade. Teve torneio que eu preparei a mala, você contava, para ganhar um torneio, tem que ganhar cinco jogos durante a semana. Fora o treino, então, você calcula, um shorts pra treinar, um para jogar, calcula 10 shorts, por exemplo. Camiseta, umas duas por jogo, leva umas 20, 25. Tem que pensar confiante. Vai pensar que vai ganhar um jogo, dois? Não, né? Um monte de meia, cueca, agasalho e vai pro torneio. E quando acontecia isso, tava treinando bem, ia pro torneio, expectativa… E tomava fumo. Voltava, tinha usado dois shorts só, três camisetas. Chegou uma hora que fiquei irritado… E pro qualificatório, mesmo assim, precisava de um ranking, tinha um ranking nacional interno aqui. E eu não sabia se, pelo ranking, eu ia conseguir entrar. Então, não fiz reserva de hotel, nada. Fui com uma mochilinha, raquetinhas debaixo do braço, peguei o ônibus, fui pra Campinas, do antigo terminal, peguei Belo Horizonte, passei a noite viajando, sozinho, com 16 anos. Cheguei em Belo Horizonte, com o papelzinho com o endereço do torneio. Cheguei, troquei de roupa, bati uma bola, tal, e assinei a lista no final do dia para ver quem que ia. Aí, eles puxaram o ranking, acabei entrando no limite. Não tinha nem reservado hotel. Porque eu não sabia, qualquer coisa ia pegar o ônibus de volta. E ia jogar no outro dia. E tinha um amigo meu, que ele tinha reservado, ele tava no quarto sozinho. “Olha Gabriel, vamos pra lá”. Encontrei ele lá. “Fica lá no meu quarto, eu entro com a mala, depois você entra, fala que a gente vai jogar baralho”. Entrei, fui pro quarto, era um chão de carpete, peguei um edredom grosso, dobrei em 3, fiz uma caminha e dormi no chão. E acabei ganhando os 3 jogos, comecei a lavar roupa, aqueles negócios, perrengue. Ganhei outro jogo, cheguei na chave principal. Primeiro jogo meu foi contra o Marcelo Mello, ele está acho que como 3 do mundo de duplas. Ele estava iniciando como eu. E eu joguei muito bem esse torneio e com a expectativa superbaixa, pouca roupa e o negócio foi virando, fui ganhando, ganhando, lavando roupa. Lembro que eu acordava com dor no quadril porque o chão, apesar de ser carpete e dobrar, era duro. Fiz um baita resultado, vários pontos nesse torneio. Não fui campeão, mas era um torneio muito grande, jogador assim, 70 do mundo, e eu, 0 do mundo, 60 do mundo.

Boteco – E no torneio seguinte, levou pouca roupa?

Pitta – Então (risos). Aí eu já levei um monte de roupa e tomei já (foi mal na competição) (risos).

Boteco – Valeu, Pitta!

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