quinta-feira, setembro 19, 2024
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Gabriel Pitta recorda boicote e sonho realizado na Copa Davis

O ex-tenista profissional Gabriel Pitta, que foi número 625 no ranking da ATP e disputou torneios em diversos países, recorda a disputa da Copa Davis pelo Brasil, em 2004, após um boicote, que completou 15 anos e foi liderado por Guga.

Boteco – Como foi a experiência de disputar a Copa Davis?

Pitta – Foi um momento ímpar. A Copa Davis é quando você realmente defende o país, a única que toca o hino, vestindo as cores do país. Foi um sonho realizado. Em partes, porque, lógico, eu tive mérito de estar ali como 2º pelotão, tirando Guga, Meligeni, Saretta… Eu tava no 2º, mas teve um boicote contra o presidente da Confederação Brasileira de Tênis (Nelson Nastás) pela má administração do esporte, verbas. O Guga liderou um boicote. “Não vamos jogar se você não sair”. E eles (Guga e companhia) conversaram com a gente. Porque se dá W.O., fica 2 anos sem participar. Paga uma multa altíssima e não recebe verba anual da Federação Internacional. Ia ser muito prejudicial, não podia ninguém jogar, alguém tinha que entrar. E entrou o time reserva. Cada confronto, era convidado um time. O Guga falou: “Se no 1º confronto, você (presidente) sair, a gente volta”. O primeiro foi Brasil x Paraguai, perdemos, eu não, foi outro time de reservas. O presidente resistiu. Dos 3 times (enfrentados), o Paraguai era o segundo melhor de ranking. Daí foi Venezuela. “Presidente, vai sair? Vamos boicotar de novo”. E a Venezuela era o mais fraco, mesmo assim, o Brasil perdeu. Eles quiseram os juvenis, até 18 anos, pra impactar e dar oportunidade pros moleques. Conversaram com a gente: “Mesmo vocês sendo reservas, são fortes”. Aí os meninos perderam pra Venezuela. O último confronto, se o Brasil perdesse, ia ser rebaixado, foi contra o Peru, aí fui convocado (com mais 4 atletas). O melhor deles era o Luis Horna, 33 do mundo ele foi. O 2º era o Ivan Miranda, 90 do mundo, time bem forte. E a gente acabou perdendo. Eu abri o confronto, com o Luis Horna.

Boteco – Como foi sua escolha para enfrentar o Horna?

Pitta – A gente jogou entre a gente (brasileiros) na semana. Eu abracei a oportunidade, treinei muito bem. E joguei contra todos, jogo-treino. Ganhei de todos. O Kirmayr, técnico, falou: “Você vai jogar”. Foi até surpresa. “Você não está o melhor de ranking atualmente, mas seu momento tá muito bom, entendeu o que é Copa Davis, tá na energia. Tô vendo que está preparado, comendo direitinho, dormindo, fazendo tudo que a gente tá pedindo e acho que você tem mais chance pelo estilo de jogo, é agressivo, vai jogar”. E aí caiu eu com Luis Horna.
Boteco – Lembra de alguma curiosidade desse jogo?
Pitta – Eu saí ganhando, tava numa energia positivíssima, só que ao longo do jogo, ele, com a superioridade, bagagem, acostumado a jogar pressão, jogava Rolland Garros, foi revertendo e acabou ganhando por 1 game de diferença em cada set. Mas foi legal porque joguei com o 33 do mundo de igual pra igual, nunca tinha medido assim. E não é um bicho de sete cabeças, é possível. Quando tocou o hino, eu lembro a sensação de ficar arrepiado, emocionante.

Boteco – Como foi receber os holofotes na época?

Pitta – O Kirmayr tentou deixar a gente um pouco afastado, para não atrapalhar, porque algumas pessoas citando que era pelo boicote, por isso estava com o reserva, e alguns sem entender achando que se o Guga não foi, por que aceitaram? Teve algumas pessoas que meteram o pau no sentido… teriam que aderir ao movimento. Mas a gente aderiu, foi um pedido deles (Guga e companhia), porque seria pior para o Brasil.

Boteco – Pitta volta para abordar mais detalhes sobre a polêmica da Copa Davis, com a coletiva após enfrentar o Peru, e recordar uma experiência vitoriosa e tumultuada no México.

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